sábado, 18 de dezembro de 2010

ESTRATÉGIAS PARA A REDUÇÃO DO CONSUMO DE SÓDIO NA POPULAÇÃO BRASILEIRA



A REDENUTRI publica as sistematizações resultantes das discussões em rede sobre um determinado tema. Este versa sobre as estratégias de redução de consumo de sódio na população brasileira, medida de impacto na prevenção de doenças como hipertensão arterial, aterosclerose, insuficiência cardíaca, etc. No Brasil, o consumo de sódio é cerca do dobro do recomendado pela OMS.
Consulte o link e opine, contribua:
http://189.28.128.100/nutricao/docs/redenutri/7sistematizacao.pdf

domingo, 12 de dezembro de 2010

Profa Raquel Botelho escreve sobre práticas alimentares, suas origens e a necessidade de preservação e valorização das regionalidades



“Entre as principais características de uma alimentação saudável estão o
respeito e a valorização das práticas alimentares culturalmente identificadas;
garantia de acesso, custo acessível e sabor; variedade, harmonia e segurança
sanitária.
“Neste sentido, é fundamental resgatar as práticas e os valores alimentares
culturalmente referenciados, bem como estimular a produção e o consumo de
alimentos saudáveis, especialmente os regionais, sempre levando em consideração
os aspectos comportamentais e afetivos relacionados às práticas alimentares”
(BRASIL, 2005).
Práticas alimentares evidenciam características e valores culturais de um país
ou povo. A culinária sintetiza os hábitos, as tradições, as preferências e a
mistura de influências. A arte culinária adapta-se e evolui, refletindo fatores
econômicos presentes no uso de ingredientes e temperos preferidos. É
condicionada pela evolução histórica, pelos dogmas religiosos e moldada pelos
avanços da ciência e do comércio (CASTRO, 2002).
A formação das práticas alimentares do povo brasileiro mescla a influência dos
índios nativos, do colonizador europeu e dos escravos africanos. Do encontro
desses três povos surgiu uma culinária que desde o princípio deixou de ser igual

àquela praticada nos seus locais de origem, pois a vida material do cotidiano
brasileiro influenciou tanto os estrangeiros quanto os nativos (LEAL, 1998). A
atual culinária regional brasileira é resultado de um processo de articulação
entre ingredientes disponíveis, a técnica culinária utilizada para o preparo e a

inventividade de quem a prepara (TAKASU, 2000).
No período do natal, algumas preparações retornam ao cotidiano das familias,
mesmo que por um período curto de tempo. Muitas delas de influência majoritária
portuguesa, já que esse povo apresentou e ainda apresenta como característica o
hábito de festejar ao redor da mesa. È interessante observar que várias
preparações poderiam ser consumidas não só nas festividades natalinas, mas
durante todo o ano. No entanto, para a sociedade, elas representam um momento
único, de celebração familiar e não têm a mesma representação quando consumidos
em outras épocas do ano. Por esse motivo, essas práticas não podem ser
desestimuladas pelo nutricionista em função de dietas de emagrecimento, pois só
acontecem uma vez no ano e representam muito mais que o próprio alimento em si.
Como deixar de saborear um peru, uma rabanada, frutas secas, leitões, farofas,
panetones, vinhos, entre outros ??.
A preservação da comida regional fundamenta a vida comunitária, garantindo o
acesso ao alimento como parte da segurança alimentar e nutricional. Constitui um

patrimônio cultural por possuir práticas, representações, expressões,
conhecimentos e técnicas. A comida regional, representada por suas receitas e
técnicas culinárias, proporciona oportunidades para o desenvolvimento local, a
inclusão social por meio da geração de emprego e renda e, como resultado, o
exercício da cidadania.
Preservar a alimentação regional é resgatar e valorizar a cultura de um povo.”

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Mais motivos para a prevenção da obesidade infantil

Crianças obesas correm mais risco de sofrer hipertensão na adolescência

As crianças que nas idades entre 9 e 12 anos mostram um elevado índice de massa corporal correm mais risco de sofrer hipertensão, colesterol e níveis de insulina altos ao chegar à adolescência, segundo um estudo publicado no "British Medical Journal". Felizmente, assinalam os autores do estudo, as crianças que apresentam essa condição, mas que perdem peso ao chegar à adolescência, melhoram seu perfil de risco. Por isso, os casos mais graves se referem às doenças vasculares daqueles que continuam sofrendo sobrepeso com o passar dos anos. Embora já se soubesse que a obesidade na infância ou na adolescência aumenta as probabilidades de sofrer problemas cardiovasculares na idade adulta, este é o primeiro estudo que investiga a relação entre a circunferência da cintura ou a adiposidade central na faixa etária de 9 a 12 anos e os riscos cardíacos entre adolescentes de 15 e 16 anos. Ao todo, 5.235 crianças participaram do estudo, dirigido pela professora Debbie Lawlor, da Universidade de Bristol (sudoeste da Inglaterra), que fazia parte de outro mais amplo que acompanhou o histórico médico de mais de 14 mil crianças desde o nascimento. "Nosso estudo enfatiza a necessidade de diminuir, de modo geral, a adiposidade nas crianças, desenvolvendo intervenções que reduzam o peso de modo seguro e que melhorem os fatores de risco cardiovascular nas crianças obesas", dizem os autores do estudo.

Fonte: Bom dia, Doutor. Cortesia do Laboratório Hebron. www.bomdiadoutor.com.br

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mais motivos para prevenir a obesidade infantil

Crianças obesas podem ter artérias de pessoas com 50 anos

Crianças e adolescentes obesos podem apresentar vasos sanguíneos tão rígidos quanto os de uma pessoa de 40 ou 50 anos de idade, aumentando significativamente seus riscos de problemas cardiovasculares, segundo pesquisadores da Universidade de British Columbia, no Canadá. Em estudo com 63 jovens obesos de 13 anos de idade e 55 adultos de meia idade com peso normal, os especialistas descobriram que muitas dessas crianças já apresentam velocidade de fluxo sanguíneo anormal, indicando rigidez arterial. Apresentados semana passada no Congresso Cardiovascular Canadense, os resultados indicaram que, apesar de os jovens obesos apresentarem níveis lipídicos e de colesterol normais, eles tinham fluxo sanguíneo anormal, indicando uma rigidez arterial parecida com a de adultos com idades entre 40 e 50 anos, além de pressão sanguínea sistólica acima do normal. “Estamos surpresos em descobrir que essas crianças obesas já apresentam vasos sanguíneos enrijecidos”, destacou o pesquisador Kevin Harris. “A aorta normal tem qualidades elásticas que protegem o fluxo sanguíneo. Quando essa elasticidade é perdida, resulta em rigidez da aorta - um sinal de desenvolvimento de doença cardiovascular. E essa rigidez é associada a eventos cardiovasculares (como infarto e derrame) e morte prematura”.

Fonte: Bom dia, Doutor, cortesia do Laboratório Hebron (bomdiadoutor@hebron.com.br)

domingo, 17 de outubro de 2010

As religiões e as políticas, por Ivone Gebara

As religiões e as políticas
Revista digital Tempo e Presença – outubro de 2010)

Em períodos eleitorais, além dos programas dos diferentes candidatos apresentando suas idéias e futuras ações, nosso país se vê às voltas com a problemática das crenças religiosas misturadas às posturas éticas e políticas dos candidatos e dos eleitores. Poucas pessoas fazem uma análise na qual a atenção às propostas políticas dos candidatos seja submetida ao bem comum e às condições reais de possibilidade histórica de suas propostas. Igualmente, poucos conseguem distinguir aquilo que tem a ver com suas escolhas pessoais de vida e as grandes linhas políticas necessárias a um país e, por conseguinte a um Estado multicultural e multireligioso como o nosso. Misturam-se os diferentes planos e predomina uma Babel onde cada um grita mais alto e ninguém se entende.
Escrevo sobre religiões e políticas apoiada não apenas na leitura de algumas publicações de jornais que representam as classes ricas detentoras do capital e da escuta dos discursos de alguns candidatos, mas também a partir de conversas com moradores de alguns bairros populares, todos eleitores.
Sabemos que em geral, para os ricos, as escolhas políticas têm a ver com a manutenção de seus interesses individuais. Para os pobres têm a ver com os benefícios que as políticas atuais lhes proporcionaram. Mas, de ambos os lados, é preciso não esquecer da emoção ou da relação pessoal com o candidato ou com o amigo do candidato ou com o pastor ou o padre ou o patrão que parecem orientar muitas das escolhas. Nesse nível a visão política parece reduzir-se a uma dimensão muito pequena e, muitas vezes, é a partir dela que fazemos julgamentos, escolhemos e tomamos posições algumas vezes acertadas, mas também muitas vezes equivocadas.
Impressionou-me nas últimas eleições de outubro a atuação de alguns grupos religiosos que foram e estão sendo capazes de espalhar confusão, fanatismo e insegurança em muitos eleitores. Aparecendo ao público como conhecedores da vontade de Deus e seus defensores ferrenhos atrevem-se a manipular a razão e a emoção popular em favor de seus próprios candidatos a diferentes cargos políticos. Fazendo apelo à vontade de Deus ou à Bíblia ou aos princípios cristãos de respeito à vida criaram uma espécie de superestrutura acima das decisões que cabem unicamente a cada indivíduo. Reduzem “a vida” a um conceito limitado as suas próprias posições. É como se pretendessem conhecer à vontade de Deus, do mistério que envolve e atravessa nossas vidas e se tornassem os guias de uma multidão de cegos. Aliás, eles adoram que o povo continue cego e dependente para que seu poder continue imperando.
Infelizmente ainda vivemos em estruturas culturais hierárquicas e antidemocráticas que atribuem ao clero das mais diferentes procedências um saber e um poder acima do comum dos mortais. Crêem-se representantes e enviados de Deus para orientar e decidir no lugar do povo. E, às vezes, de forma escandalosa, usam desse poder para manipular as consciências e indiretamente espalhar mentiras e ódio entre as pessoas. É hora de acordarmos para nossa condição comum de mortais! É hora de não só falar em democracia para os outros, mas de vivê-la nas instituições da religião! É hora de sair do obscurantismo e ser capaz de pensar a vida de forma mais abrangente.
O que está em questão para muitos não é a moralidade política em sentido amplo ou a justiça nas instituições sociais e políticas, mas questões que têm a ver com o foro interno das pessoas. Argumentos como: “essa candidata é muito religiosa” ou “essa parece que não crê em Deus” ou essa “é a favor da dignidade da família” ou “essa é a favor das uniões homossexuais e do aborto” ou “esse é um fervoroso cristão” ou “esse é 100% Jesus” parecem ter determinado o comportamento eleitoral de um bom número de pessoas. Digo bem, comportamento eleitoral, visto que a maioria das pessoas de nosso país, e neles sublinho o voto das camadas mais abastadas, está longe de assumir um comportamento político. Comportamento político é aquele a partir do qual estamos sendo continuamente educados a discutir o bem da polis, o bem da cidade, o bem do país, o bem dos mais necessitados, muitas vezes, para além de nossos interesses individuais ou grupais. Há uma confusão bastante grande entre uma dimensão de ética individual e a ética da cidade no sentido amplo das instituições públicas. Por exemplo, posso pessoalmente não ser a favor do casamento homossexual, ou do aborto, ou da liberação das drogas ou de outras tantas coisas que discutimos no dia a dia de nossa vida. Minha postura pode até ser justificada por princípios religiosos, mas não posso legislar a cidade a partir de minhas crenças religiosas cristãs individuais, sobretudo num país multireligioso que se afirma leigo por Constituição.
A cidade ou o país são maiores do que minhas crenças e minhas decisões pessoais, muito embora eu não abra mão delas. Aliás, este é um direito que me assiste, mas esse direito deve ser o direito de todas as pessoas nas suas diferentes situações e pertenças. Posso, por exemplo, por minha crença religiosa achar necessário me privar de carne de porco, mas não posso estabelecer como regra geral que todas as pessoas devam fazer o mesmo. Posso não trabalhar no sábado ou no domingo por convicção religiosa, mas não posso obrigar todas as pessoas que o façam. As leis religiosas não são leis do Estado, mas as Leis do Estado são para todos, visto que tocam a convivência geral de todos os grupos do país.
A cidade ou o país são sempre maiores porque neles se incluem pessoas diversas, ideologias e crenças plurais, assim como instituições de diferentes correntes políticas ou religiosas. Por isso, não posso impor ao todo as referências de minhas crenças privadas por melhores que sejam para mim, para minha família ou para minha comunidade. Não posso usá-las para fazer pressão eleitoral e política. Da mesma forma, o todo não pode impor que eu faça aquilo que violenta minhas convicções. Por exemplo, posso por convicção não querer o casamento homossexual ou a descriminalização e legalização do aborto. Ninguém pode me obrigar a assumi-los como conduta pessoal. Mas igualmente, não posso fazer uma campanha em nome de minha fé para que se aprove uma legislação apenas concorde com minhas convicções religiosas. É fundamental acolher a existência de problemas sociais ou problemas de saúde pública que independem diretamente das crenças religiosas. E diante desses problemas cabe ao Estado legislar em vista do bem da população. As instituições religiosas não podem impedir que o Estado cumpra suas obrigações em relação às pessoas que têm problemas diferentes dos meus. Não podem usar as crenças religiosas como caminhos válidos para todos os cidadãos e cidadãs e manipular as pessoas usando o nome de Deus. Esse é o grande equivoco que se nota em muitos grupos religiosos e particularmente em seus representantes. Com má fé ou ingenuidade doentia confundem o pessoal com o coletivo, misturam o foro interno com a orientação ética coletiva, mesclam sua religião pessoal com os interesses dos cidadãos de todo o país. E mais, muitas vezes colocam as convicções religiosas como formas acríticas e ahistóricas de vida e até impossibilitam qualquer diálogo à luz de uma hermenêutica histórica que leve em conta a complexidade de cada contexto e situação. É como se essas convicções existissem num mundo para além do nosso e que fossem ditadas por seu Deus de forma completamente ahistórica para todos e para sempre.
Viver num país e num Estado democrático e plural significa ter políticas e leis que favoreçam ao conjunto das cidadãs e dos cidadãos. E dentre elas, leis que garantem a convivência do conjunto. Por isso, mais uma vez, posso não aderir a algumas leis por convicções pessoais, mas, não posso negar o direito e o dever do Estado de promulgá-las em vista do bem comum.
Sem dúvida, as distinções são mais fáceis no plano teórico do que na prática cotidiana. Mas, o fato é que não estamos sendo educados através das diferentes instituições que criamos e dos meios de comunicação social a distinguir os diferentes níveis de nossas vivências, de nossas crenças e de nossas ideologias políticas ou religiosas. Reduzimos o mundo à nossa maneira de ver como se fôssemos os donos de uma verdade que deveria ser a mesma para todos. Manipulamos informações, mentimos, excluímos pessoas, desrespeitamos as leis sempre a favor de interesses dos grupos dominantes ou de nosso grupo.
O tempo em que o Cristianismo, através de seu modelo hierárquico imperial se confundia com os impérios desse mundo já faz parte do passado, muito embora ainda muitos busquem a continuidade desse modelo. Cada vez mais as instituições da religião não podem impor-se à consciência dos indivíduos e nem forçar o Estado a legislar a partir de posturas anacrônicas para os dias de hoje. Esta postura não é negação das religiões, mas o reconhecimento de seu novo lugar social num mundo plural.
Nesse sentido é urgente que as diferentes religiões e particularmente igrejas cristãs assumam a responsabilidade social de nosso tempo, ou seja, a responsabilidade de não repetir modelos de ingerência religiosa no Estado ou na vida dos fiéis sob a alegação de que seus funcionários são munidos de um saber acima do comum dos fiéis. Da mesma forma como um Estado democrático não pode interferir nas crenças e nas práticas religiosas de nenhuma instituição enquanto estas não estiverem violando a vida de seus membros, da mesma forma as igrejas ou as instituições religiosas não podem reduzir o Estado à suas próprias convicções.
Nessa linha também os políticos, os candidatos e os chefes de Estado não devem ceder aos pretensos donos da religião motivados pelo medo de perder votos ou perder prestígio político. Devem sim discutir com veemência e reafirmar a divisão e autonomia de poderes presentes num Estado laico. Esta é a responsabilidade dos governantes e dos legisladores. Fugir dela é trair o pluralismo do tecido social e desrespeitar os limites que se impõe a uma convivência social sadia que leva em conta as diferenças e é afirmada por nossa Carta Magna.
Do ponto de vista da tradição cristã não podemos esquecer que Jesus já pressentia essa poderosa tentação clerical no meio de seus discípulos e por isso insistia para que fossem servidores uns dos outros e para que não reproduzissem os mesmos modelos de competição e disputa que se verificam entre os poderosos desse mundo. Não apenas isso, Jesus intuía a importância de deixar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Numa interpretação contemporânea dessa tradição poderíamos dizer que César é o Estado, são os governos que devem governar em vista do bem de todos os cidadãos e cidadãs, e independentemente de suas crenças religiosas. O que é de Deus é nossa intimidade, nossa consciência pessoal, nossas crenças, nossas formas de culto, nossa diversidade respeitada, nossa necessidade de consolo, o cultivo das práticas de amor e ajuda mútua...
Cada um de nós tem de certa forma sua própria divindade e pode se equivocar identificando-a verdade que se quer impor para toda a coletividade. Cada um pode pensar que seu jeito de viver deve ser o jeito de todos. Estamos sempre sujeitos à tentação de Narciso olhando-se nas águas claras e apaixonando-se pelo reflexo de sua beleza. Analogicamente algumas instituições da religião crêem ter o melhor saber sobre os valores humanos e acabam afogando os fiéis nos dogmatismos narcisistas excludentes e destruidores da comum dignidade humana.
Há que vigiar para não cair na tentação da prepotência ou dos que sempre estão prontos a atirar a primeira pedra naquelas e naqueles que vivem de forma diferente da sua.
Políticas e religiões são nossa criação em vista de nosso bem, do bem da coletividade humana e das diversas formas de vida que conosco partilham do mesmo sopro vital. Por isso não podem ser absolutos e nem podem escravizar-nos a elas. O vento da liberdade sopra onde quer e ninguém pode ser seu proprietário exclusivo.

Ivone Gebara
Outubro 2010

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sobre a profissão de nutricionista

O PROFISSIONAL DE NUTRIÇÃO

Por Patrícia Moreira, professora do Departamento de Nutrição, CCS, UFPB

O nutricionista é um profissional de saúde. Para exercer a profissão, este deve ter diploma expedido por escolas de graduação em Nutrição, oficiais ou reconhecidas, devidamente registradas no órgão competente do Ministério da Educação; deve ainda estar regularmente inscrito no Conselho Regional de Nutricionistas (CRN) da sua respectiva jurisdição (CFN, 2009).

A justificativa social para a formação do nutricionista respalda-se na necessidade do atendimento aos problemas de saúde, alimentação e nutrição humana, por isso o perfil desejado, contempla: nutricionista, com formação generalista, humanista e crítica, capacitado a atuar visando à segurança alimentar e atenção dietética em todas as áreas do conhecimento em que a alimentação e a nutrição se apresentem como aspectos fundamentais para a promoção, manutenção e recuperação da saúde de indivíduos ou grupos populacionais, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, pautado em princípios éticos, com reflexão sobre a realidade econômica, política, social e cultural (CONSEPE, 2007).

A Resolução CFN nº 380 (CFN, 2005), estabelece as áreas de atuação do nutricionista, que são: Alimentação Coletiva: 1) Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN): Alimentação Escolar e Alimentação do Trabalhador. 2) Nutrição Clínica: hospitais, clínicas em geral, clínicas em hemodiálises, instituições de longa permanência para idosos e spa; ambulatórios; banco de leite humano (BLH); lactários/centrais de terapia nutricional; atendimento domiciliar. 3) Saúde Coletiva: políticas e programas institucionais; atenção básica em saúde; vigilância em saúde. 4) Docência: ensino, pesquisa e extensão (graduação e pós-graduação) e coordenação de cursos. 5) Indústria de Alimentos: desenvolvimento de produtos. 6) Nutrição em Esportes: clubes esportivos; academias e similares. 7) Marketing de Alimentos e Nutrição.

Com isso, os objetivos do Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal da Paraíba definidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), são:

* Formar o nutricionista, com referencial teórico, capacidade técnica com percepção crítica da realidade social, econômica, cultural e política, sendo hábil a atuar na área de alimentação e nutrição de forma a promover, preservar e recuperar a saúde de indivíduos e grupos populacionais, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida;
* Formar profissionais que contemplem as necessidades sociais da saúde com ênfase nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde;
* Aplicar conhecimentos sobre a composição, propriedades e transformação dos alimentos e aproveitamento de seus componentes no organismo humano;
* Diagnosticar, intervir e monitorar o estado nutricional de indivíduos e grupos populacionais;
* Atuar na área de nutrição clínica exercendo atividades de intervenção dietoterápica, em caráter preventivo e terapêutico;
* Planejar e gerir atividades em alimentação e nutrição voltadas à melhoria das condições nutricionais de populações;
* Avaliar e intervir no processo sócio-cultural, político e econômico, de modo a influenciar na disponibilidade, acesso e aquisição de alimentos pela população em geral;
* Descrever e intervir no perfil epidemiológico dos agravos à saúde e bem-estar humano relacionados com a nutrição;
* Atuar nas políticas e nos programas de educação e vigilância nutricional, alimentar e sanitária visando à promoção da saúde em âmbito local, regional e/ou nacional;
* Integrar as equipes multiprofissionais destinadas a planejar, coordenar, implantar, executar e avaliar atividades relacionadas com alimentação e nutrição;
* Contribuir na formulação de novos produtos alimentícios a partir de matérias-primas convencionais ou alternativas;
* Planejar e executar ações de promoção e avaliação da qualidade de alimentos em sua área de competência;

* Desenvolver o ensino, a pesquisa e extensão em sua área de atuação;
* Desenvolver atividades de auditoria, assessoria, consultoria e marketing na sua área de atuação;
* Direcionar a prática profissional ao interesse social, à cidadania e à ética (CONSEPE, 2007).

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Depressão versus ganho de peso

Estudo associa depressão ao ganho de peso mais rápido

A depressão pode trazer mais do que apenas a angústia mental, tendo influência no desenvolvimento da obesidade, principalmente com o acúmulo de gordura na região abdominal, segundo estudo publicado no American Journal of Public Health. Por isso, de acordo com pesquisadores da Universidade do Alabama, o tratamento da depressão pode ajudar a controlar a obesidade. Avaliando dados de mais de 4 mil adultos, colhidos em cinco ocasiões - início do estudo, e cinco, dez, 15 e 20 anos depois -, os especialistas observaram que aqueles que relatavam altos níveis de depressão tinham um aumento mais rápido da obesidade abdominal e da obesidade total (IMC), comparados aos participantes com menos sintomas depressivos. Além disso, já no quinto ano de estudo, a circunferência da cintura dos deprimidos era muito maior do que dos outros participantes. Entretanto, de acordo com os autores, o excesso de peso no início da pesquisa pareceu não alterar os riscos de depressão. “Descobrimos que todos ganharam peso no período de 15 anos que examinamos. No entanto, as pessoas que iniciaram relatando altos níveis de depressão aumentaram em obesidade abdominal e índice de massa corporal em uma taxa mais rápida do que aqueles que relatavam menos sintomas de depressão no quinto ano”, concluíram os pesquisadores.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ingestão de grãos e farelo ligado a menor mortalidade em mulheres diabéticas


Autora: Dr. Laurie Barclay

Ingestão de grãos e farelo estão ligadas a uma menor taxa de mortalidade em mulheres com diabetes tipo 2, de acordo com os resultados de um estudo relatado online na Circulation.

"Esse é o primeiro estudo do meu conhecimento sobre grãos e seus componentes e o risco de morte em pacientes com diabetes," disse o autor sênior Lu Qi, da Harvard Medical School e Harvard School of Public Health em Boston, Massachusetts, em um release de notícias.

"Pacientes com diabetes enfrentam de 2 a 3 vezes o risco de doença cardiovascular e morte prematura comparada à população geral."

Como parte do Nurses' Health Study, 7822 mulheres americanas com diabetes mellitus tipo 2 completaram questionários regularmente administrados avaliando as ingestões dietéticas e potenciais confundidores.

Durante o seguimento que durou até 26 anos, ocorreram 852 mortes de causas gerais e 295 mortes cardiovasculares.

Comparados com os quintis mais baixos de grãos, fibra cereal, farelo, e gérmen, os quintis mais altos foram associados com uma taxa de mortalidade de causas gerais de 16% a 31% mais baixa, após o ajuste para idade.

Contudo, apenas a associação com a ingestão de farelo permaneceu significante após ajuste para estilo de vida e fatores de risco dietéticos (P para tendência = 0,01).

Através dos quintis de ingestão de farelo, os riscos relativos multivariáveis foram 1,0 (referencia), 0,94 (95% intervalo de confiança [IC], 0,75 – 1,18), 0,80 (95% IC, 0,64 – 1,01), 0,82 (95% IC, 0,65 – 1,04), e 0,72 (95% IC, 0,56 – 0,92).

Ingestão de farelo foi também inversamente associado com mortalidade cardiovascular com riscos relativos através de quintis de ingestão de farelo sendo 1,0 (referencia), 0,95 (95% IC, 0,66 – 1,38), 0,80 (95% IC, 0,55 – 1,16), 0,76 (95% IC, 0,51 – 1,14), e 0,65 (95% IC, 0,43 – 0,99; P para tendência= 0,04).

Para farelo adicionado sozinho, os achados foram similares.

"Esses achados sugerem um benefício potencial de grãos, e particularmente farelo, na redução da morte e risco cardiovascular em pacientes diabéticos," disse o Dr. Qi.

Limitações desse estudo incluíram confundidores, possivelmente não controlados e não medidos, medida do erro de avaliação na ingestão dietética, poder insuficiente para detectar associações modestas, e falta de generalização para homens e grupos étnicos não brancos.

"Acredita-se que diabetes é um estado crônico de inflamação caracterizado por níveis moderadamente aumentados de marcadores químicos para inflamação e disfunção endotelial," Dr. Qi conclui.

"Encontrou-se que aqueles marcadores são relacionados ao risco aumentado de doença cardiovascular nas populações diabéticas e não diabéticas.

Em nossos estudos prévios, nós relatamos que a ingestão de grãos e subcomponentes como fibra cereal pode diminuir esses marcadores em pacientes diabéticos."


Fonte: Circulation. Published online May 10, 2010.
http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=14&id=27865&__akacao=321357&__akcnt=acd0802f&__akvkey=bebe&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=GERAL+132+BR&langtype=1046

domingo, 12 de setembro de 2010

Mudanças no perfil do estado nutricional do povo brasileiro

Morrer pela boca, a sina

Rodrigo Martins

Nação de famintos é coisa do passado. O Brasil agora disputa a liderança nos rankings de obesidade

Em 11 de maio, o colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, sentiu-se na obrigação de defender as mulheres cariocas. Lembrou o episódio em que o correspondente Larry Rohter, do New York Times, as chamou de “gordinhas” e lamentou a repetição da descortesia recentemente, desta vez pelo diário francês Direct Matin Plus, que teria afirmado que “as mulheres de corpos esculturais sumiram das praias cariocas”, e a razão do fenômeno seria “a crescente obesidade e a falta de exercícios da população feminina local”. Talvez para agradar a seus leitores (e leitoras), Ancelmo partiu para o ataque: “Ou este jornal francês não frequenta as praias do Rio ou não entende de mulher”.

Não convém discutir as formas de quem vive pelas praias, mas é fato, garantem os especialistas, que a população brasileira, e não apenas a carioca, vive uma epidemia de obesidade. O Ministério da Saúde está prestes a divulgar dois grandes levantamentos sobre o tema. Um deles é o bloco temático de obesidade e hábitos alimentares do Vigitel 2009, uma pesquisa telefônica feita nas 26 capitais brasileiras mais o Distrito Federal para monitorar a frequência de fatores de risco à saúde da população. Os resultados do estudo devem ser apresentados nas próximas semanas. O outro levantamento, mais complexo, é o inquérito nacional de obesidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apresentará, em agosto, os resultados de uma pesquisa realizada entre 2008 e 2009.
Os responsáveis pelos estudos não estão autorizados a antecipar dados antes da publicação oficial. Mas, a julgar pela tendência apontada nos levantamentos mais recentes e observada por quem estuda o assunto, o cenário não é promissor. Há, inclusive, quem aposte que o País pode, em uma década, chegar aos mesmos padrões de obesidade dos Estados Unidos, onde três quartos da população adulta têm excesso de peso e 25% são considerados gordos. “Basta analisar o assustador crescimento da obesidade em crianças e adolescentes para verificar que o Brasil realmente pode atingir esses patamares se nada for feito para reverter o processo”, alerta o médico endocrinologista Márcio Mancini, responsável pelo grupo de combate à obesidade do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Em 2003, no último inquérito nacional feito pelo IBGE, 41% dos homens e 39,2% das mulheres estavam com excesso de peso no Brasil. Além disso, 8,8% dos homens e 12,7% das mulheres eram obesos. Esses indicadores já são preocupantes. Mas seria possível, em tão pouco tempo, dobrar ou triplicar esses índices, a ponto de o Brasil atingir os patamares de obesidade americanos? “A hipótese não é alarmista, é real. Superamos as metas de combate à desnutrição e subnutrição, mas a população está engordando em ritmo acelerado”, afirma o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. “E os impactos já são sentidos no Sistema Único de Saúde (SUS), com o aumento dos custos para o tratamento de doenças crônicas associadas à obesidade, como hipertensão e diabetes.”
De acordo com o Ministério da Saúde, a proporção de brasileiros diagnosticados com hipertensão arterial cresceu de 21,5%, em 2006, para 24,4%, em 2009. Além disso, os técnicos da pasta identificaram uma tendência de aumento nas mortes por diabetes. Nos adultos de 20 a 74 anos, o risco de morte passou de 16,3 por 100 mil habitantes, em 1990, para 24 por 100 mil habitantes, em 2006. O custo para o tratamento dessas moléstias também não pára de crescer. “O Sistema Único de Saúde destina cerca de 600 milhões de reais apenas para as internações relativas à obesidade. Esse valor equivale a 12% do que o governo brasileiro despende anualmente com todas as outras doenças. Se forem levados em consideração ainda os gastos indiretos (faltas ao trabalho, licenças médicas e morte precoce), estima-se que esse valor seja mais que o dobro”, diz a médica Leila Araújo, professora da Universidade Federal da Bahia e pesquisadora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso).

O Brasil está passando por um processo que os especialistas chamam de “transição nutricional”. Em 1974, 5,7% da população brasileira era considerada obesa e 8,6% era vítima da desnutrição. Mas, em 1989, o cenário inverteu-se. A obesidade atingia 9,6% da população, enquanto a desnutrição caiu para 4,2% (a Organização Mundial da Saúde considera como aceitável uma taxa de desnutrição inferior a 5%). “Isso aconteceu porque a população mais pobre teve mais acesso aos alimentos. Mas, nas políticas públicas, essa informação parece não ter sido bem assimilada. Ainda resiste a ideia de que o Brasil é um país de famintos quando, na realidade, está se tornando um país de obesos”, afirma Mancini, do Hospital das Clínicas. “É louvável que o governo federal tenha lançado o programa Fome Zero para erradicar a desnutrição. Mas é necessário lançar um programa com a mesma visibilidade e magnitude para combater a obesidade. Percebo uma intensificação das campanhas de combate à hipertensão e ao diabetes. Mas o principal fator de risco, a obesidade, não está sendo devidamente combatido pelo poder público.”

A avaliação é compartilhada pela professora Elisabetta Recine, do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar da Universidade de Brasília (UnB). “As áreas de nutrição dos governos, tanto na esfera federal quanto na estadual e municipal, estão enfraquecidas e perdem recursos ano a ano”, afirma a especialista. “Há uma lógica que drena os recursos da saúde para a aquisição de tecnologia, equipamentos e fármacos. E as ações de prevenção e promoção da saúde ficam em segundo plano”.

Alguns números reforçam as críticas da nutricionista. A população brasileira consumiu, em 2009, quase 2 toneladas de sibutramina, um emagrecedor que atua como inibidor de apetite. Enquanto isso, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (Pnan) dispõe de um orçamento anual de 38 milhões de reais. “É muito pouco, se levar em consideração os elevados custos para o tratamento de doenças associadas à obesidade. Além da hipertensão e do diabetes, diversos tipos de cardiopatias e câncer estão relacionados à má alimentação”, emenda Elisabetta.
Mas a coordenadora da Pnan, Ana Beatriz Vasconcelos, garante que o investimento público em prevenção é bem maior do que aparenta. “O combate à obesidade, para funcionar, deve ser uma articulação de diversas políticas, como estímulo à pratica de esportes, educação alimentar, merendas mais saudáveis nas escolas. Quem é alvo das campanhas de combate à hipertensão e ao diabetes, também recebe orientação nutricional e participa de programas para combater a obesidade. Trata-se de uma abordagem multisetorial, que consome recursos de muitas áreas.”
A epidemia de obesidade não é uma exclusividade nacional. Além dos Estados Unidos, recordista mundial, a maioria dos países da Europa Ocidental sofre com o aumento do número de habitantes com excesso de peso, que hoje representa de 40% a 50% da população. “Na América Latina, o México tem uma prevalência bem maior que a nossa, até porque abraçou os padrões de consumo do vizinho Estados Unidos. Mas esse crescimento da obesidade se verifica em quase todos os países emergentes, à exceção dos asiáticos, como China e Índia, mais resistentes ao tipo de alimentação dos ocidentais”, afirma o endocrinologista Bruno Geloneze Neto, do Laboratório de Investigação em Metabolismo e Diabetes da Unicamp. “A verdade é que todos os países estão perdendo o combate à obesidade e, em grande medida, isso se deve ao fato de as políticas públicas jogarem toda a responsabilidade sobre o indivíduo, visto como desleixado e descuidado por engordar, sem levar em conta os fatores genéticos e sociais que contribuem.”
Para Geloneze, a obesidade precisa ser vista como uma doença crônica, neuroquímica e marcada por recaídas. Ou seja, não adianta o paciente buscar soluções imediatas, como a dieta da moda, e depois voltar aos hábitos antigos. A aposentada Nilda Tocacelli Campos, de 73 anos, conhece bem essa história. Até os vinte e poucos anos foi uma mulher magra, mas, depois de engordar, nunca voltou a ter o peso ideal. “Trabalhava num escritório de contabilidade sentada o dia todo. Sempre adorei comer massas e doces. Nem por isso imagine que eu não me preocupava. Fiz regime a vida inteira, mas sempre que dava uma escapulida, voltava a engordar”. Hoje, Nilda controla a pressão com medicamentos e precisa de assistência médica para emagrecer. Iniciou o tratamento há nove anos, quando precisou fazer uma cirurgia ortopédica e estava gorda demais para o procedimento. “Tenho 1,69 metro e peso 86 quilos, o que é muito. Mas cheguei a pesar 99 quilos. Acostumei-me ao fato de que preciso moderar a alimentação todo santo dia, sem descanso

Além de tratar a obesidade como doença crônica, o endocrinologista Geloneze destaca que a ciência precisa se esmerar para encontrar as razões que levam as pessoas a comerem compulsivamente. “Pesquisadores da Unicamp estão prestes a publicar um estudo que mostra que a gordura ingerida pelas pessoas mata os neurônios que controlam a sensação de saciedade”, afirma. “Também é preciso ter cautela ao diferenciar os pacientes. Temos um banco de dados que mostra que 20% dos pacientes obesos têm metabolismo magro. Isto é, eles não concentram substâncias nocivas como colesterol e triglicérides no sangue, são pessoas saudáveis, apesar de todo o preconceito.”
A médica Sandra Villares, responsável pelo Ambulatório de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas, lembra ainda que há fatores genéticos que levam muitas pessoas a engordar. “Na literatura médica, há estudos que indicam que a genética está associada a 70% dos casos de obesidade”, afirma. “Mas convém dizer que, mesmo se a pessoa tiver uma predisposição a engordar, se ela mantiver uma alimentação adequada e não for sedentária, não será obesa. Nossos genes não tiveram tempo para mudar da década de 70 para os dias de hoje. E, no entanto, a população não pára de engordar. Por quê? Come demais, alimenta-se de forma errada, não pratica exercícios, às vezes até porque não tem como. Quem deixa a criança brincar na rua com uma violência dessas? E as mulheres que trabalham? Elas não têm tempo para cozinhar, preparam o que for mais rápido, normalmente uma fritura qualquer ou uma comida congelada.”
Os especialistas são unânimes em dizer que o principal foco das políticas de prevenção devem ser as crianças e adolescentes. Não apenas pelo crescimento vertiginoso da obesidade entre eles, independentemente da classe social (gráfico à página 28), mas também porque é muito mais difícil mudar os hábitos da população adulta. A estudante Fernanda Melo de Silva, de 15 anos, precisou de assistência médica para combater a obesidade. Iniciou um tratamento no Hospital das Clínicas paulistano em 2005, mais abandonou no ano seguinte. Só voltaria em busca de assistência em junho de 2008, quando pesava 93 quilos. Hoje, com 79 quilos e 1,63 metro de altura, mantém uma dieta balanceada, caminha todos os dias por 40 minutos e faz, duas vezes por semana, aulas de dança. “Eu adorava comer uma caixa de bombons enquanto assistia a um filme na tevê. Também ia pelo menos umas três vezes na semana ao McDonald’s. Agora, só posso ir uma vez por mês”, afirma.
Desde que voltou à dieta permanente, Fernanda mudou os hábitos de muitas pessoas. As amigas da escola abandonaram a cantina da escola com seus salgadinhos fritos e refrigerantes e passaram, como ela, a comer uma fruta ou um iogurte no intervalo das aulas. A mãe também aderiu ao estilo de vida. “Eu sempre fiz dieta na minha vida, mas assim que parava, voltava a engordar. Não posso mais me arriscar. Controlo minha hipertensão com remédios e tenho histórico de diabetes na família”, explica.
Para evitar a multiplicação de casos como a de Fernanda, que precisou de tratamento médico para combater a obesidade, a Anvisa está prestes a publicar uma portaria para regulamentar a publicidade de alimentos. A ideia é que os anúncios de produtos industrializados ricos em gordura, sal e açúcar tragam mensagens semelhantes às usadas em embalagens de cigarro para alertar a população sobre os riscos do consumo excessivo daquelas substâncias. “Pelo projeto original, também havia a intenção de proibir a publicidade desses alimentos em horários dedicados a programas infantis, mas os procuradores da Advocacia-Geral da União deram um parecer contrário à decisão, porque ela pode gerar uma avalanche de processos movidos pela indústria alimentícia e pelas agências de publicidade”, explica Maria José Delgado, gerente de monitoramento e fiscalização de propaganda da Anvisa.
Mesmo assim, caberá à diretoria colegiada da agência a decisão final. “Apesar da ameaça de judicialização, o órgão pode entender ser necessário colocar essa regra em vigor”, diz Maria José. Também está em discussão a venda casada de alimentos e bebidas com brindes e brinquedos. “Entendemos que a criança é muito vulnerável à propaganda e é preciso protegê-la de um modelo de consumo que pode trazer graves riscos à sua saúde”, completa. A portaria deve ser publicada até o fim do ano.
Outra iniciativa do Ministério da Saúde é negociar com as indústrias alimentícias a redução gradativa dos índices de gordura, sal e açúcar dos alimentos processados. Um dos compromissos assumidos pelas empresas é a redução dos índices de gordura trans, de forma gradual e até o fim de 2010, conforme os parâmetros recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que define um limite máximo de 2%. De acordo com Edmundo Klotz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), o setor já estava atento a essas demandas e, em dezembro de 2008, “apresentou um estudo, conduzido em parceria com as suas associadas, que apontava consideráveis reduções nos teores de açúcar (29%), sódio (20%), gordura saturada (45%) e gordura trans (86%) em cinco anos.”
Os pactos firmados com a indústria não seduzem, porém, todos os especialistas. “O mais preocupante é o estímulo ao consumo exagerado de alimentos. Recentemente, constatamos num grupo de pacientes a redução do consumo de gordura e colesterol. Mas eles continuavam engordando, porque comiam demais, especialmente produtos industrializados de alto teor calórico, como bolachas recheadas e refrigerantes”, diz a médica Rosely Sichieri, do Instituto de Medicina Social da Uerj. “Para ter uma ideia, um pacote de bolachas recheadas contém cerca de mil calorias, que é quase a metade do total recomendado para um adulto. Coibir a publicidade desse tipo de produto às crianças e estimular o consumo de alimentos saudáveis é indispensável.”


Segundo a especialista, o Brasil precisa garantir condições para que a população tenha uma vida menos sedentária e uma alimentação melhor. “Não adianta só dizer não coma isso, não coma aquilo. E a população não ter acesso a frutas, legumes e verduras, seja porque esses produtos não chegam, seja porque o preço é proibitivo”, afirma Sichieri. “Alguns países nórdicos, como a Suécia e a Noruega, tiveram excelentes resultados ao subsidiar os alimentos saudáveis e impor taxas aos produtos industrializados de alto teor calórico e baixo teor nutritivo. Além de estimular, de fato, as pessoas a praticarem exercícios físicos, como pedalar até o trabalho. E olhe que faz um frio danado lá.”
O ministro Temporão garante que as ações de educação alimentar, em maior ou menor escala, estão sendo feitas nas escolas, unidades básicas de saúde e com os profissionais do programa Saúde da Família, que atende cerca de 90 milhões de brasileiros. Quanto aos subsídios para as comidas saudáveis e a taxação dos chamados alimentos porcarias, ou junk food, mostra-se reticente. “Ainda não entramos nessa discussão no ministério, mas é preciso ter cautela ao regular a publicidade ou impor sanções à indústria alimentícia”, afirma o ministro da Saúde. “Os alimentos estão numa situação bem diferente do cigarro. O tabaco traz danos à saúde em qualquer nível de consumo. No caso dos alimentos, só trarão danos se consumidos em excesso.”

Rodrigo Martins é repórter da revista CartaCapital há quatro anos. Trabalhou como editor assistente do portal UOL e já escreveu para as revistas Foco Economia e Negócios, Sustenta!,Ensino Superior e Revista da Cultura, entre outras publicações. Em 2008 foi um dos vencedores do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.


Fonte: http://www.cartacapital.com.br/saude/morrer-pela-boca-a-sina

Entrevista com José Gomes Temporão, ministro da Saúde

Brasil, recordista de gordura
Rodrigo Martins

“A hipótese não é alarmista, é real”, alerta o ministro Jorge Gomes Temporão em entrevista à CartaCapital
O Brasil tem uma taxa de obesidade muito inferior a dos Estados Unidos e da maioria dos países europeus. Especialistas apostam, no entanto, que o País pode figurar entre os recordistas mundiais na próxima década. Seria uma avaliação exagerada? “A hipótese não é alarmista, é real”, afirma o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Em entrevista a CartaCapital, ele defende a regulamentação da publicidade de alimentos dirigida às crianças e a construção de acordos com a indústria para melhorar a qualidade dos produtos oferecidos à população.
CartaCapital: Especialistas afirmam que o Brasil, mantida a tendência atual, pode chegar, na próxima década, aos índices de obesidade verificados nos EUA. O senhor concorda com essa avaliação ou a considera alarmista?

José Gomes Temporão: A hipótese não é alarmista, é real. Superamos as metas de combate à desnutrição e subnutrição, mas a população está engordando em ritmo acelerado. Até porque aumentou o acesso e o consumo de alimentos. Além disso, o processo de urbanização induziu uma mudança de hábitos. As pessoas passaram a ficar mais tempo confinadas em casa, sem atividade física. Com a mulher cada vez mais presente no mercado de trabalho, existe a tendência de as pessoas comerem mais produtos industrializados e congelados. Enquanto isso, verifica-se uma queda acentuada no consumo de alimentos mais saudáveis, como o feijão nosso de cada dia. A última pesquisa de hábitos alimentares revela poucos avanços e muitos retrocessos. Caiu o consumo de carne gorda, mas aumentou bastante o de refrigerantes. O estudo indica ainda que apenas 30% da população ingere a quantidade ideal de frutas, verduras e legumes. E os impactos já são sentidos no Sistema Único de Saúde, com o aumento dos custos para tratamento de doenças crônicas associadas à obesidade, como hipertensão e diabetes.

CC: O que pode ser feito para reverter esse processo?

JGT: É preciso, por exemplo, intensificar o trabalho de educação alimentar, sobretudo nas escolas. Investimos para melhorar a qualidade das merendas, mas é preciso avançar mais. Muitas cidades aprovaram leis locais obrigando as cantinas de todas as escolas a oferecer uma alimentação mais saudável, o que é ótimo. A ideia é trabalhar desde cedo com as crianças, porque é muito mais difícil mudar hábitos da população adulta. Outra frente de batalha é discutir com as indústrias a melhora da qualidade dos produtos. Fechamos acordos que estabelecem prazos para a redução da quantidade de gordura, sal e açúcar nos alimentos industrializados. Mas mudar a lógica de estímulo ao consumo é tarefa delicada, porque contraria interesses da indústria.

CC: O senhor é favorável às propostas de impor restrições para a publicidade de alimentos dirigida a crianças e adolescentes?

JGT: Sim, sou favorável, principalmente nos programas infantis, porque há um estímulo ao consumo de produtos com alto teor calórico, e a obesidade infanto-juvenil tem crescido bastante. Essa discussão está concentrada na Anvisa, mas entendo ser necessário e urgente algum tipo de regulação, até para coibir determinadas práticas, como associar brindes e brinquedos ao consumo de alimentos. Só que o tema é delicado. Os alimentos estão numa situação bem diferente do cigarro, que também passou por esse processo de regulamentação. O tabaco traz danos à saúde em qualquer nível de consumo. No caso dos alimentos, só trarão danos se consumidos em excesso.

Rodrigo Martins é repórter da revista CartaCapital há quatro anos. Trabalhou como editor assistente do portal UOL e já escreveu para as revistas Foco Economia e Negócios, Sustenta!,Ensino Superior e Revista da Cultura, entre outras publicações. Em 2008 foi um dos vencedores do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.
Fonte:http://www.cartacapital.com.br/saude/brasil-recordista-de-gordura

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A ingestão de vegetais com folhas verdes pode diminuir o risco para diabetes tipo 2

Autora: Dra. Laurie Barclay
Publicado em 08/20/2010

A ingestão de vegetais de folhas verdes pode diminuir o risco para diabetes tipo 2, de acordo com os resultados de uma revisão sistemática e meta-análise relatada na edição da BMJ.

"A alta ingestão de frutas e vegetais é associada a uma incidência reduzida de câncer e doença cardiovascular,“ escreve Patrice Carter, da University of Leicester, in Leicester, United Kingdom, e colaboradores.

"Diabetes é um fator de risco forte e independente para doença cardiovascular, e geralmente as condições existem em conjunto, dividindo fatores de risco modificáveis comuns.

Ainda não foram feitas conclusões firmes se o aumento de consume de frutas e vegetais pode diminuir o risco da diabetes tipo 2, dada a abundância de evidências em conflito dentro da literatura.”

Para determinar os efeitos independentes do consumo de frutas e vegetais na incidência da diabetes tipo 2, os pesquisadores pesquisaram no MEDLINE, EMBASE, CINAHL, British Nursing Index, e Cochrane Library por termos envolvendo diabetes, pré-diabetes, frutas e vegetais.

Eles também perguntaram aos especialistas sobre as opiniões e procuraram bibliografias de artigos. Critérios de inclusão foram os estudos coorte prospectivos com uma medida independente da ingestão de frutas, vegetais ou frutas e vegetais, bem como dados sobre a incidência de diabetes tipo 2.

Dos 6 estudos que se encaixam no critério de seleção, envolvendo um total de mais de 220.000 participantes, 4 estudos também deram dados separados sobre a ingestão de vegetais com folhas verdes.

Um maior consumo de vegetais de folha verde foi associada com 14% de redução no risco para diabetes tipo 2(hazard ratio [HR], 0,86; 95% intervalo de confiança [IC], 0,77 – 0,97; P = 0,01), embasado em estimativas resumidas.

O aumento da ingestão de vegetais, frutas ou frutas e vegetais combinados não reduziu significativamente o risco para diabetes tipo 2.

"O aumento da ingestão diária de vegetais de folhas verdes poderia reduzir significativamente o risco de diabetes tipo 2 e deveria ser mais investigada," escrevem os autores do estudo.

Limitações dessa meta-análise incluem dificuldades na determinação da ingestão de dieta, heterogeneidade significante entre os estudos incluídos, e fatores confundidores não relatados.

Além disso, apenas um pequeno número de estudos foram incluídos na metá-análise, que pode ter prevenido a detecção de um beneficio do consumo combinado de frutas e vegetais para a redução do risco de diabetes tipo 2.

"Nossos resultados suportam a evidência que alimentos e não componentes isolados como, por exemplo, antioxidantes são benéficos para a saúde”, concluem os autores do estudo.

“Resultados de vários estudos suplementares produziram resultados desapontadores para a prevenção da doença, em contraste com evidência epidemiológica.

Uma maior investigação é necessária para o entendimento dos mecanismos envolvidos na relação proposta entre vegetais de folhas verdes e o risco de diabetes tipo 2."

Em um editorial associado, Jim Mann, da University of Otago in Otago, Nova Zelandia, e Dagfinn Aune, do Imperial College London,, avisam que o aumento do consumo geral de frutas e vegetais deveria certamente incluir vegetais de folhas verdes.

"A meta-análise sugere que a adição de uma porção UK e meia (cerca de 120 g) diária de vegetais com folhas verdes (por exemplo, repolho, couve, brócolis, couve-flor, e espinafre) tem o potencial para reduzir o risco de diabetes em 14% independentemente de qualquer efeito de perda de peso," escrevem os Drs. Mann e Aune.

"Apesar de ser razoável chamar a atenção para os benefícios potenciais e vegetais de folhas verdes, que poderia ser incorporado como uma das cinco porções recomendadas de frutas e vegetais por dia, nós devemos ser cuidadosos a mensagem de aumento em geral da ingestão de frutas e vegetais não fique perdida em uma pletora de balas.

Os achados são também uma lembrança útil de que dar conselhos em relação à dieta dos pacientes pode ser tão benéfico, se não mais, do que prescrevendo drogas para pacientes em risco de doença crônica."

Fonte: http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=120&id=27739&__akacao=310315&__akcnt=acd0802f&__akvkey=57ad&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=GERAL+129+BR&langtype=1046

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Presidente Lula assina decreto que assegura o direito à alimentação

Rede de Nutrição do Sistema Único de Saúde (REDENUTRI)
Brasil

24/08/2010 11h05
Divulgação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina, às 18h desta quarta-feira (25), em Brasília, o decreto que institui a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. O documento define forma de gestão, financiamento, avaliação e controle social e busca assegurar o direito à alimentação adequada e saudável em todo o país, conforme prevê a Constituição Federal e a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan).

Essa política – iniciativa que visa fortalecer as estratégias de combate à fome – vai articular e integrar programas de diversos setores, garantindo o acesso aos alimentos e à água, e respeitando os aspectos regionais, étnicos e culturais. Um dos focos de prioridade são os brasileiros em situação de insegurança alimentar. Os principais programas que a compõem são o Programa de Aquisição de Alimentos, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o Programa Cisternas e as iniciativas de fortalecimento da agricultura familiar.

No decreto presidencial, também consta a forma de adesão de Estados, municípios e entidades ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que, entre outras medidas, estimulará a integração de esforços de governos e sociedade na gestão intersetorial e participativa para a execução de políticas que promovam o direito à alimentação. A assinatura faz parte das atividades da XVIII Reunião Plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Estarão presentes todos os conselheiros e observadores, além dos presidentes de conselhos estaduais.

A presidente da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional e ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Márcia Lopes, e o presidente do Consea, Renato Maluf, também participam do evento. A solenidade contará com a presença de ministros, governadores e representantes de organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

domingo, 15 de agosto de 2010

Enfrentamento da epidemia da obesidade

Texto de sistematização 4 das discussões na REDENUTRI, versão eletrônica no link:
http://200.214.130.35/nutricao/redenutri/docs/4sistematizacao.pdf

Mulheres obesas têm risco maior para o diagnóstico de tumores de mama maiores e em estágios mais avançados

Um estudo divulgado aqui no 11º Encontro Anual da American Society of Breast Surgeons, em Las Vegas, revelou que as mulheres obesas não apenas têm um risco maior de desenvolver câncer de mama – como já se suspeitava – mas também estão mais propensas a ter neoplasias que são detectadas em uma fase tardia, além de apresentar massas tumorais maiores no momento do diagnóstico.

O estudo, de autoria principal da Dra. Danielle Haakinson, Residente de Cirurgia na Mayo Clinic de Phoenix, no Arizona, dividiu 1.352 pacientes em dois grupos: obesas (n = 327) e não obesas (n = 1.026).

A Dra. Haakinson destacou no resumo do seu trabalho que não houve diferença na média de idade entre os grupos, e poucas pacientes obesas apresentavam câncer de mama quando mais jovens.

Além disso, como ela explicou em sua apresentação, a maioria das mulheres obesas que foram diagnosticadas com câncer descobriu seu tumor através da mamografia, ao invés da palpação (67% versus 56%, P = 0,0006).

Em grande parte, isto foi o resultado da baixa parcela de pacientes que detectou seus nódulos durante o autoexame; a detecção através do exame clínico foi de 5% para as pacientes obesas e de 6% para as não obesas (P = 0,0066).

A Dra. Haakinson observou em sua apresentação que as mulheres obesas apresentavam tumores maiores no momento do diagnóstico, uma informação que também é preocupante.

No grupo de obesas, 71% apresentavam tumores menores que 2 cm, enquanto que no grupo de não obesas, 79% das participantes tinham tumores com este mesmo tamanho.

Além disso, as pacientes obesas tinham uma maior probabilidade de desenvolver metástases de linfonodos (31% versus 25% , P = 0,026).

A equipe de pesquisadores escreveu em seu resumo que os grupos não apresentaram diferenças com relação à terapia adjuvante, à recorrência, a história familiar ou aos marcadores tumorais, mas de acordo com a análise multivariada, as pacientes obesas tenderam a apresentar uma taxa de sobrevida global pior, com hazard ratio de 1,53 (intervalo de confiança de 95%, 0,97 - 2,53).

A Dra. Deanna Atai, Diretora do Center for Breast Care, Inc, membro do American Board of Surgery e chefe do Comitê de Comunicação da American Society of Breast Surgeons disse ao Medscape Ob/Gyn & Women's Health: "este é mais um exemplo do quanto que a obesidade é um problema de saúde pública.

Sabemos que estas pacientes têm um maior risco de acidente vascular cerebral, de diabetes e de doenças cardíacas; agora, vemos que elas também apresentam um risco aumentado para o câncer de mama."

Os pesquisadores acreditam, com base em sua análise, que as mulheres obesas têm menos chance de manter os cuidados gerais de saúde "inclusive para realizar os check-ups anuais de rotina", comentou a Dra. Barbara Pockaj, que também pertence a Mayo Clinic e fez parte da equipe de pesquisadores.

Ela disse ao Medscape Ob / Gyn & Women's Health que a não realização de uma mamografia anual está incluída nestas faltas de cuidado com a saúde. Como é mais difícil palpar o tumor no seio de uma mulher obesa, há mais tempo para que o tumor cresça antes de ser detectado.

Em nota à imprensa, a Dra. Haakinson comentou que a problemática com relação aos cuidados básicos de saúde pode ser explicada "simplesmente pelo de as mulheres obesas possuírem menos chance de examinar seus seios, possivelmente porque se sentem desconfortáveis com sua imagem corporal".

Ela disse ainda ao Medscape Ob / Gyn & Women's Health que "independentemente das razões que fazem com que estas mulheres não se cuidem, os médicos precisam compreender que as mulheres estão negligenciando os cuidados básicos de saúde e devem incentivá-las a realizar estes cuidados.

Existe um risco maior entre estas pessoas de serem diagnosticadas com tumores já em estágio avançado. Ao fazer suas mamografias e check-up anuais elas podem tomar as rédeas da proteção de sua própria saúde".

A Dra. Pockaj acrescentou ainda que o fato das mulheres obesas apresentarem tumores maiores foi "um pouco surpreendente, pois deveria haver uma maior conscientização já que estas pacientes apresentam um risco maior".

A equipe concordou que a instalação de cuidados básicos de saúde mais intensivos pode afetar positivamente a mortalidade das mulheres obesas por câncer de mama.

Autora: Carole VanSickle
Publicado em 05/03/2010

American Society of Breast Surgeons 11th Annual Meeting: "Press Briefing from the Front Lines; Obese Patients Present with More Advanced Cancers: The Impact of Obesity on Breast Cancer." Presented April 30, 2010.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Comparação entre floras intestinais mostra danos da dieta ocidental

Ao analisar dois grupos de crianças – europeias e africanas – levando em consideração a dieta a que são submetidas, muitos apostariam que as do velho continente teriam uma alimentação mais saudável do que as africanas. Certo? Publicado semana passada na revista PNAS, um estudo mostrou que pode não ser bem assim. Liderados por Carlotta De Filippo, do Departamento de Farmacologia Pré-Clínica e Clínica da Universidade de Florença, pesquisadores compararam as bactérias intestinais de 14 crianças saudáveis da etnia mossi, do vilarejo de Boulpon, em Burkina Fasso; e de 15 crianças igualmente saudáveis de Florença, na Itália, ambos os grupos com faixa etária entre um e seis anos. A análise de amostras fecais mostrou que as crianças africanas – cuja dieta é predominantemente vegetariana, baseada em fibras, legumes e cereais – têm a flora intestinal mais rica em microrganismos que ajudam na digestão, e presença menor daqueles associados à obesidade em adultos. Além disso, detectou-se nelas grande quantidade de ácidos graxos de cadeia curta, conhecidos por protegerem contra bactérias patogênicas. As crianças do vilarejo de Boulpon têm alimentação rica em cereais, como milho, e em legumes e vegetais. A dieta é marcada pelo alto consumo de carboidratos (polissacarídeos), fibras e proteínas de origem não-animal. Hábitos alimentares que não mudaram muito desde o surgimento da agricultura, cerca de 10 mil anos atrás. O isolamento da aldeia, distante de áreas urbanas, foi decisivo para que a população mantivesse esses hábitos, bem diferente do que aconteceu com as crianças italianas. Com alimentação pobre em fibras e rica em gordura, açúcar e proteína animal, sua saúde leva desvantagem em relação ao primeiro grupo. As amostras indicaram que as crianças italianas têm uma menor variedade de microrganismos intestinais – apontados pelo estudo como “um órgão essencial que ajuda a digerir o alimento e proteção contra patógenos e inflamação”. A hipótese levantada é de que o consumo de açúcar, gordura animal e alimentos altamente calóricos – ou seja, uma dieta tipicamente ocidental – esteja por trás dessa diferença. Esses alimentos poderiam limitar o potencial adaptativo dos microrganismos no intestino. Do outro lado, os microrganismos intestinais das crianças africanas teriam evoluído com a exposição a uma grande variedade de micróbios do ambiente e com uma dieta rica em fibras – permitindo maior ganho de energia com a ingestão dos polissacarídeos, bem como proteção contra inflamações e doenças infecciosas do cólon. “A redução na riqueza microbiana pode ser um dos efeitos indesejáveis da globalização e do consumo de alimentos genéricos e não-contaminados”, diz a pesquisa em relação à era do consumo industrializado. Uma perda que talvez possa ser reparada com a diminuição de fritas, pizzas e outras guloseimas.

Fonte: Bom Dia Doutor
www.hebron.com.br

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Perda de peso por meninas com sobrepeso pode diminuir o risco de diabetes na vida adulta

A perda de peso por meninas com sobrepeso pode diminuir o seu risco de diabetes na vida adulta, de acordo com os resultados de uma análise do Nurses' Health Study II, relatados no Diabetes Care.

“Esses achados sugerem que assegurar que crianças com sobrepeso revertam seu ganho de peso é crítico para limitar o seu risco futuro de diabetes quando adultos”, disse em release para a imprensa a autora principal Edwina Yeung, PhD, do Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development em Bethesda, Maryland.

O objetivo da análise foi avaliar a associação entre sobrepeso infantil, junto com outras características de peso ao longo do curso de vida, com o desenvolvimento de diabetes tipo 2 na vida adulta.

No Nurses' Health Study II, um total of 109.172 mulheres relataram o que lembraram do seu nível de gordura corporal às idades de 5, 10 e 20 anos usando diagramas pictoriais de 9 níveis (somatotipos) refletindo de extrema magreza (categoria “1”) a obesidade (categoria “9”).

O índice de massa corporal (IMC) foi calculado pelo peso lembrado à idade de 18 anos e na vida adulta. As participantes que relataram ter diabetes tipo 2 completaram um questionário suplementar.

Os somatotipos às idades de 5 e 10 anos foram positivamente associados com o risco de diabetes na vida adulta (P para tendências < 0,0001). Mulheres com somatotipos de pelo menos “6” contra “2” aos 5 anos tiveram risco relativo ajustado para diabetes adulto de 2,19 (intervalo de confiança 95% [IC] 1,79 – 2,67).

À idade de 10 anos, o RR para somatotipos de pelo menos “6” contra “2” foi 2,57 (IC 95% 2,20 – 3,01). O risco foi aumentado para aumentos no tamanho por somatotipo ou por ganho de peso até a idade de 18 anos.

Comparadas com mulheres que nunca tiveram sobrepeso, mulheres que tiveram sobrepeso quando adultas (IMC > 25 kg/m2), mas não durante a infância tiveram um RR ajustado de 8,23 (IC 95% 7,41 – 9,15).

Para mulheres que também tinham sobrepeso aos 10 anos (somatotipo ≥ “5”) e aos 18 anos (IMC > 25 kg/m2), o RR ajustado foi 15,10 (IC 95% 13,21 – 17,26). Mulheres que tiveram aumento no tamanho quando crianças, mas não continuaram com sobrepeso na vida adulta não tiveram risco aumentado de diabetes adulto.

“O aumento do tamanho corporal iniciado na infância está associado a maior risco de diabetes na vida adulta”, escreveram os autores do estudo. “No entanto, as mulheres que se tornaram magras na vida adulta não têm risco aumentado”.

As limitações desse estudo incluem o desenho observacional, o uso de somatotipos lembrados ao invés do IMC como medida do tamanho infantil, generalizabilidade limitada a mulheres caucasianas e possivelmente confundidores residuais.

“Nossos achados demonstram que a importância do sobrepeso na infância depende grandemente do peso na vida adulta”, concluem os autores do estudo.

“Permanece importante, então, promover mudanças no estilo de vida desde a infância de modo a evitar a trajetória adversa. Foram sugeridas múltiplas intervenções para abordar o sobrepeso infantil, mas que precisam ser adequadamente testadas”.


Fonte: http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=120&id=27267&__akacao=294863&__akcnt=acd0802f&__akvkey=6aa5&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=GERAL+124+BR&langtype=1046

Diabetes Care. 2010;33:1364-1369.
Autora: Dra.Laurie Barclay
Informação sobre a autora: Dra. Laurie Barclay, escritora e revisora freelance, Medscape, LLC.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Dieta saudável em crianças promove uma maior massa óssea e uma gordura corporal mais baixa no decorrer do tempo

Crianças que ingerem vegetais de coloração verde-escura e amarela, limitando também a ingestão de alimentos fritos, podem ter uma massa óssea e gordura corporal mais saudáveis que aquelas que não o fazem.

De acordo com a Dra. Karen S. Wosje do Cincinnati Children's Hospital Medical Center, Ohio, e seus colaboradores, são disponíveis poucos dados sobre os componentes da dieta que, simultaneamente promovem uma baixa massa corporal gorda e uma alta massa óssea no início da vida.

"Não é de nosso conhecimento, a existência de outros estudos como esse, que tenham analisado a associação da composição da dieta com gordura corporal quanto com massa óssea”, notam os autores em seu trabalho, que foi publicado online no American Journal of Clinical Nutrition.

Os pesquisadores buscaram identificar padrões da dieta de crianças relacionados com gordura corporal e massa óssea em 325 crianças com idades entre 3,8 a 7,8 anos.

Dados foram coletados em 13 visitas durante um período de 4 anos. A massa óssea era medida por densitometria.

Os pesquisadores também levaram em consideração alguns quesitos que possam ter influenciado a gordura corporal e a massa óssea, incluindo raça, sexo, altura, calorias ingeridas, cálcio ingerido, nível de atividade física medido por acelerômetro e tempo gasto vendo televisão e brincando fora de casa.

Uma dieta com alta ingestão de vegetais de coloração verde-escura e amarela foi relacionada com baixa gordura corporal e maior massa óssea. Uma alta ingestão de carne processada foi relacionada à maior massa óssea e a alta ingestão de alimentos fritos foi relacionada a uma maior gordura corporal.

Os autores sugerem que a relação entre o consumo de carne processada e a massa óssea pode estar relacionada à proteína e declaram que “apesar de não defender as carnes processadas como fonte primária de proteína para crianças por causa dos seus altos índices de sódio e gordura saturada que estas contêm, as carnes processadas foram uma fonte significante de proteína e devem ser consideradas importantes no estudo da dieta e saúde de crianças, pois esse tipo de alimento é comumente ingerido.”

Os padrões dos escores das dietas se mantiveram relacionados à massa gorda e óssea depois do controle para todas as covariáveis (P < 0,001 – 0,03).

Uma limitação desse trabalho foi o uso da reduced rank regression. Apesar de útil para identificar padrões de dieta que estão relacionados com múltiplos resultados, os dados obtidos através desta redução é direcionada aos dados e não longitudinal.

Portanto, padrões não são necessariamente os mesmos a cada ano e não podem ser precisamente reproduzidos em outras coortes.

Os autores dizem que o processo biológico pelo qual os vegetais de coloração verde-escura e amarela afetam a massa óssea continua pouco claro, mas pode estar relacionado a seu alto conteúdo de mineirais alcalinizantes como o potássio.

Para concluir, eles atestam que os dados são gerados primariamente por hipóteses, mas declaram que “dietas de crianças que contém uma ingestão maior de vegetais de coloração verde-escura e amarela associada à menor ingestão de alimentos fritos pode gerar uma maior massa óssea e menor gordura corporal.”


Am J Clin Nutr.
Autora: Emma Hitt
Publicado em 06/04/2010
Informação sobre a autora: Emma Hitt é editor e escritora freelance do Medscape.

Fonte: http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=120&id=27223&__akacao=294863&__akcnt=acd0802f&__akvkey=6aa5&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=GERAL+124+BR&langtype=1046

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mais exercício e menos remédio

Um estudo verificou que mulheres acima de 60 anos que praticam 150 minutos por semana de atividades físicas moderadas, como caminhadas, consomem menos remédios em comparação às que não têm o mesmo hábito. A conclusão é de Leonardo José da Silva, no trabalho de mestrado “Relação entre nível de atividade física, aptidão física e capacidade funcional em idosos usuários do programa de saúde da família”, realizado na Universidade Federal de São Paulo. Silva acompanhou 271 mulheres com idade acima de 60 anos que participaram do Programa de Saúde da Família, organizado pela Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. As participantes que cumpriram um programa de exercícios variados de no mínimo 150 minutos semanais apresentaram consumo de medicamentos 34% menor em comparação às mais sedentárias. “Esse tempo mínimo de exercícios de 2,5 horas semanais é preconizado pela American Heart Association e pelo American College of Sports Medicine”, disse Silva. Com menos de 10 minutos semanais de atividade física o indivíduo é considerado sedentário e entre 10 minutos e 150 minutos de exercícios por semana ele é categorizado como insuficientemente ativo. Os resultados do estudo de Silva foram apresentados em maio no 3th International Congress Physical Activity and Public Health realizado em Toronto, no Canadá.

Fonte: www.bomdiadoutor.com.br

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dieta saudável em crianças promove uma maior massa óssea e uma gordura corporal mais baixa no decorrer do tempo

Crianças que ingerem vegetais de coloração verde-escura e amarela, limitando também a ingestão de alimentos fritos, podem ter uma massa óssea e gordura corporal mais saudáveis que aquelas que não o fazem.

De acordo com a Dra. Karen S. Wosje do Cincinnati Children's Hospital Medical Center, Ohio, e seus colaboradores, são disponíveis poucos dados sobre os componentes da dieta que, simultaneamente promovem uma baixa massa corporal gorda e uma alta massa óssea no início da vida.

"Não é de nosso conhecimento, a existência de outros estudos como esse, que tenham analisado a associação da composição da dieta com gordura corporal quanto com massa óssea”, notam os autores em seu trabalho, que foi publicado online no American Journal of Clinical Nutrition.

Os pesquisadores buscaram identificar padrões da dieta de crianças relacionados com gordura corporal e massa óssea em 325 crianças com idades entre 3,8 a 7,8 anos.

Dados foram coletados em 13 visitas durante um período de 4 anos. A massa óssea era medida por densitometria.

Os pesquisadores também levaram em consideração alguns quesitos que possam ter influenciado a gordura corporal e a massa óssea, incluindo raça, sexo, altura, calorias ingeridas, cálcio ingerido, nível de atividade física medido por acelerômetro e tempo gasto vendo televisão e brincando fora de casa.

Uma dieta com alta ingestão de vegetais de coloração verde-escura e amarela foi relacionada com baixa gordura corporal e maior massa óssea. Uma alta ingestão de carne processada foi relacionada à maior massa óssea e a alta ingestão de alimentos fritos foi relacionada a uma maior gordura corporal.

Os autores sugerem que a relação entre o consumo de carne processada e a massa óssea pode estar relacionada à proteína e declaram que “apesar de não defender as carnes processadas como fonte primária de proteína para crianças por causa dos seus altos índices de sódio e gordura saturada que estas contêm, as carnes processadas foram uma fonte significante de proteína e devem ser consideradas importantes no estudo da dieta e saúde de crianças, pois esse tipo de alimento é comumente ingerido.”

Os padrões dos escores das dietas se mantiveram relacionados à massa gorda e óssea depois do controle para todas as covariáveis (P < 0,001 – 0,03).

Uma limitação desse trabalho foi o uso da reduced rank regression. Apesar de útil para identificar padrões de dieta que estão relacionados com múltiplos resultados, os dados obtidos através desta redução é direcionada aos dados e não longitudinal.

Portanto, padrões não são necessariamente os mesmos a cada ano e não podem ser precisamente reproduzidos em outras coortes.

Os autores dizem que o processo biológico pelo qual os vegetais de coloração verde-escura e amarela afetam a massa óssea continua pouco claro, mas pode estar relacionado a seu alto conteúdo de mineirais alcalinizantes como o potássio.

Para concluir, eles atestam que os dados são gerados primariamente por hipóteses, mas declaram que “dietas de crianças que contém uma ingestão maior de vegetais de coloração verde-escura e amarela associada à menor ingestão de alimentos fritos pode gerar uma maior massa óssea e menor gordura corporal.”

Autora: Emma Hitt - é editor e escritora freelance do Medscape.
Fonte: http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=120&id=27223&__akacao=287934&__akcnt=acd0802f&__akvkey=0473&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=GERAL+122+BR&langtype=1046

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Obesos morrem oito anos mais cedo em média

Estudo divulgado em congresso internacional sobre obesidade em Estocolmo, na Suécia, afirma que obesos morrem, em média, oito anos antes em comparação com pessoas da mesma faixa etária sem distúrbios alimentares. A pesquisa foi feita por uma equipe de dinamarqueses do Hospital Universitário de Copenhague, com 5.000 recrutas entre 20 e 80 anos. Dois mil deles eram obesos no início dos trabalhos. O estudo aponta que a tendência a engordar começa antes dos 20 anos. A partir desse patamar, a probabilidade de desenvolver obesidade diminui, conforme aponta o estudo. Segundo os cientistas, o risco de morte prematura aumenta 10% a cada unidade acima do patamar de 25 pontos do Índice de Massa Corporal (IMC), estabelecido como limite para peso normal. O valor leva em conta a massa de um indivíduo em função da altura para determinar a taxa de gordura. "Com 70 anos, 70% dos homens do grupo com massa normal e 50% das pessoas obesas da pesquisa estariam vivos e nós estimamos que, a partir da meia-idade, as pessoas acima do peso morreriam oito anos antes na comparação", explica Esther Zimmermann, médico e coordenador do estudo. Mesmo sem considerar mulheres, os pesquisadores do Instituto de Medicina Preventiva do Hospital, setor responsável pelo trabalho, acreditam que os dados corroborem estudos anteriores com o gênero.

Fonte: Bom Dia Doutor (www.hebron.com.br)

domingo, 18 de julho de 2010

Acompanhe a polêmica nacional sobre a correta resolução 24/2010, da Anvisa, sobre a publicidade de alimentos

CNS aprova moção em favor de regulamentação da Anvisa sobre publicidade de alimentos

Informativo Eletrônico do Conselho Nacional de Saúde - ano
07 ? n.º 34 - Brasília, 12 de julho de 2010

O Plenário do CNS aprovou, nessa 211ª Reunião Ordinária, uma moção
de apoio à Resolução 24/2010 da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, publicada no dia 29 de junho.
De acordo com a nova regulamentação, as propagandas de bebidas com
baixo teor nutricional e de alimentos com elevadas quantidades de
açúcar, de gordura saturada ou trans e de sódio terão 180 dias para
serem adequadas de forma a atender a proibição de uso de símbolos,
figuras ou desenhos que possam causar interpretação falsa, erro ou
confusão quanto à origem, qualidade e composição dos alimentos. Também
não será permitido atribuir características superiores às que o produto
possui, bem como sugerir que o alimento é nutricionalmente completo ou
que seu consumo é garantia de uma boa saúde. Preocupada com o impacto
desse tipo de publicidade no público infantil, a Resolução dá especial
importância à divulgação acerca dos perigos vinculados ao consumo
excessivo de determinados produtos.
O CNS apoia a decisão da Anvisa e recomenda que a Moção 007/2008,
que trata da necessidade de regulamentação da publicidade de alimentos e
especialmente voltada para o público infantil; e a Resolução do CNS nº
408/2008, que dispõe sobre as diretrizes para a promoção de alimentação
saudável para prevenção da epidemia de obesidade e doenças crônicas não
transmissíveis, sejam incorporadas às recomendações da Agência.

Ganho de peso excessivo durante a gestação está ligado a doença cardíaca na prole


Excessivo ganho de peso durante a gestação está ligado a doença cardíaca na prole de acordo com resultados de um estudo relatado na Circulation.

Debbie A. Lawlor, professora de epidemiologia da Universidade de Bristol no Reino Unido, disse “eu suspeito que muitas mulheres sintam que a gestação é um momento em que elas podem comer mais e elas, efetivamente, comem mais.

São necessários mais estudos nesse sentido para descobrirmos se há um peso ótimo que não levará ao aumento do risco de nascimento de bebês abaixo do peso ao mesmo tempo em que não aumentará o risco de resultados negativos para a mãe e o bebê no nascimento e em suas vidas."

O objetivo do estudo era determinar a associação entre o ganho de peso gestacional (GWG) e peso maternal antes da gravidez com adiposidade e fatores cardiovasculares de risco na prole.

Usando uma coorte prospectiva do Reino Unido, os investigadores coletaram dados de 5154 pares de proles e mães para adiposidade e pressão arterial e 3457 pares de prole e mãe para teste sanguíneo.

Os investigadores avaliaram o GWG usando modelos randomizados com multiníveis, com o número de medições subsequentes médio de 10 (variação de 1 - 17) medições por mulher.

Prole nascida de mulheres que ganharam em suas gestações mais peso que o sugerido pela diretriz de 2009 do Instituto de Medicina tiveram uma maior chance de ter um alto índice de massa corporal (IMC) e maiores medidas de cintura, gordura corporal, leptina, pressão arterial sistólica, nível de proteína C reativa e de nível de interleuquina 6, além de níveis mais baixos de HDL e apolipoproteina A1.

Níveis de adiposidade foram mais baixos em crianças cujas mães ganharam menos peso do que a quantidade recomendada, mas os outros fatores de risco cardiovascular tenderam a ser similares aos da prole de mulheres que ganharam a quantidade recomendada de peso.

Foi encontrado também que um peso elevado anterior à gravidez gerou maior adiposidade na prole, além de altos fatores de risco cardiovasculares na idade de 9 anos.

Analisando toda a gestação, GWG no início da gravidez (0 - 14 semanas) foi associada com adiposidade da prole, sendo essa associação mais forte em mulheres que ganharam mais de 500 g/semana.

No meio da gravidez (entre 14 e 36 semanas de gestação), porém, GWG só foi associada com a adiposidade da prole em mulheres que ganharam mais de 500 g/semana.

Entre 14 e 36 semanas de gestação, GWG foi linearmente associada com perfis inflamatórios e de lipídios resultantes da associação com a adiposidade da prole.

"Nossos resultados demonstram que para tentar descobrir qual deveria ser o ganho de peso ideal na gravidez, nós devemos considerar resultados posteriores na prole e também no momento do nascimento”, disse o Dr. Lawlor.

"Mas eu acredito que nós estamos longe de estabelecer que o ganho de peso ótimo na gravidez gera os melhores resultados para crianças e mães."

As limitações desse estudo incluíram o tamanho da amostragem resultante de estatísticas, desenho observacional e a possibilidade de mudança dos achados.

O Dr. Lawlor recomenda que sejam realizados estudos randomizados em gestantes obesas grávidas comparando o tratamento pré-natal padrão x o tratamento pré-natal padrão em conjunto com conselho especializado focado na manutenção de um peso saudável durante a gravidez.



Para saber mais, acesse o Centro de Informação Controle do Peso: http://www.medcenter.com/Medscape/RC.aspx?bpid=12&pid=120

Fonte:http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=120&id=27083&__akacao=285495&__akcnt=acd0802f&__akvkey=811e&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=GERAL+121+BR&langtype=1046
Autora: Dra. Laurie Barclay
Publicado em 06/08/2010

terça-feira, 6 de julho de 2010

Novas regras para a publicidade de alimentos no país

Veja no link:
http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?data=29/06/2010&jornal=1&pagina=46&totalArquivos=96

domingo, 4 de julho de 2010

Segurança alimentar é o grande desafio do século XXI

Em passagem pelo Brasil, o engenheiro agrônomo francês Marcel Mazoyer alertou que a falta de alimentos para grande parte da população é fruto de um processo histórico de desenvolvimento agrícola desigual e não pode ser resolvida com o simples aumento da produção, mas requer uma modificação estrutural no campo, que passa pela reforma agrária. Para ele, a morte pela fome é hoje um verdadeiro genocídio de autoria coletiva e a parcela da população global que tem menos acesso aos alimentos é justamente a dos camponeses.
Débora Prado
A crise alimentar é fruto do desenvolvimento desigual da produção agrícola nas últimas décadas e se agravou de tal forma que, atualmente, a morte de milhares pela fome se tornou um verdadeiro genocídio de autoria coletiva. A avaliação é do engenheiro agrônomo Marcel Mazoyer, que considera este um dos principais problemas do século XXI e afirma que, sem sua superação, o capitalismo seguirá em crise. Professor emérito do Instituto Nacional Agronômico Paris-Grignon, o intelectual está no Brasil para uma série de debates sobre agricultura e segurança alimentar e lançou em São Paulo, no dia 30 de junho, o livro História das Agriculturas no Mundo: do Neolítico à Crise Contemporânea, uma co-autoria com Laurence Roudart.

Para ele, a enorme distorção existente no sistema agrícola e alimentar mundial está na base das desigualdades de renda e de desenvolvimento entre os países. Este quadro agrícola, por sua vez, é uma herança histórica e é uma ilusão pensar que somente o excedente produtivo poderá resolver o problema de falta de alimentos para grande parte da população mundial. “Isso não é uma fatalidade do aumento demográfico ou natural, tem raízes econômicas e, portanto, também de vontade política”, analisa.

Em seu estudo, ele constatou que, na segunda metade do século XX, a população mundial cresceu de tal forma que foi multiplicada por 2,4, enquanto a produção agrícola foi multiplicada por 2,6. Esse aumento produtivo, entretanto, se deu em um sistema agrícola e alimentar mundial composto por subsistemas regionais concorrentes e muito desiguais na eficiência. Com isso, atualmente, um número reduzido de propriedades acumula mais capitais, concentra os cultivos e as criações mais produtivas, conquistando novas partes do mercado. Por outro lado, regiões muito extensas e a maioria dos camponeses do mundo mergulham na exclusão.

Segundo o professor, as estatísticas são representativas. Existem hoje aproximadamente 6,8 bilhões pessoas no mundo. De acordo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), com base em dados coletados entre 2004 e 2006, cerca de três bilhões de pessoas são privadas de alimentos no mundo, dois bilhões sofrem de má nutrição, 872 milhões passam fome na maior parte do ano e nove milhões efetivamente morrem por inanição a cada ano. “A grande maioria destes pobres, mal nutridos, subalimentados e que morrem são camponeses e agricultores familiares. Desde que começaram as campanhas de combate à fome, o número de famintos só aumentou e o único fator de redução neste número de famintos é a alta da mortalidade por fome. Isto é uma tragédia”, alerta o professor.

Ele explica que no cerne dessa desigualdade está a diferença de produtividade entre os que têm acesso a tratores e instrumentos e os não têm. As pesquisas da FAO indicam que a população agrícola total é de 2,7 bilhões de pessoas, sendo que a população agrícola ativa é de 1,34 bilhão. Por outro lado, existem cerca de 28 milhões de tratores e 250 milhões de animais de tração empregados na produção, o que representa que cerca de um bilhão de camponeses e agricultores familiares trabalham unicamente com equipamentos manuais. Além disso, cerca de 500 milhões de pequenos produtores não utilizam sementes comerciais, nem adubos ou agrotóxicos e uma parcela de 200 a 300 milhões dispõem apenas de uma fração de um hectare de terra, indicando o déficit de reforma agrária.

Neste cenário, as estimativas indicam que a cada ano cerca de 30 a 40 milhões de pobres são condenados ao êxodo e vão para as cidades, onde reforçam um quadro de desemprego estrutural e baixos salários. “A pobreza e a fome estão massivamente concentradas no campo, lá elas nascem e se reproduzem, sendo transferidas para favelas e campos de refugiados pelo êxodo”, concluí o professor. Com isso, uma das principais consequências da revolução agrícola na produtividade é o aumento desta em um processo complexo que se traduz em baixos salários, desigualdade e uma tendência internacional da queda nos preços dos cereais.

Impactos diferentes e perversos
A tendência de redução no patamar de preços traz consequências diferentes para os atores do cenário agrícola. Em termos gerais, gera um freio nos investimentos, redução da produção e estoques e, no bojo da especulação financeira, explosões periódicas e passageiras dos preços. “O capital financeiro se apropria das terras disponíveis, impõe baixos salários e trava a agricultura familiar em todo o mundo”, alerta o professor.

Mazayer explica que este cenário mais amplo causa um quadro de abrandamento nos investimentos, associado ao êxodo, com uma população agrícola inferior a 5% e o desemprego superior a 10% nos países desenvolvidos. Nos países agrícolas pobres, por sua vez, promove um bloqueio no desenvolvimento da agricultura camponesa e familiar, o empobrecimento geral, a subalimentação, que conduzem centenas de milhões de camponeses à ruína, ao êxodo, ao desemprego, à extrema pobreza e aos movimentos migratórios. O impacto desta combinação na economia mundial é a insuficiência do poder aquisitivo de milhares, combinada ao excesso de poupança e de capital financeiro, especulações, bolhas e crises financeiras.

“Atualmente, o mercado equilibra a oferta e demanda daqueles que podem pagar e não a oferta e a necessidade. Esta lógica pode servir quando se fala de automóveis, por exemplo, mas não quando a questão é a falta de alimentos”, provoca. Para alterar esta lógica, é necessário, segundo Mazoyer, haver a adoção de políticas de pleno emprego, o Estado deve promover reformas, redistribuição de salários, a ampliação do poder aquisitivo no campo para frear o êxodo e combater o desemprego estrutural e a pressão sobre os salários. “É preciso que haja uma reforma agrária promovida de forma civilizada e endossada pela comunidade internacional e o G-20 poderia impulsionar isto”, complementa o intelectual.

Obra resgata processo histórico
No debate que marcou o lançamento de sua obra, Mozayer optou por debater o cenário atual e as perspectivas dada a situação agrícola mundial atual e a crise alimentar. O livro, entretanto, resgata a história da agricultura no mundo do neolítico à crise contemporânea e é divido em três partes: uma sobre a revolução agrícola do neolítico, suas diversidades e diferenciações; outra abordando a evolução histórica dos diferentes sistemas agrários; e, por fim, a análise da revolução agrícola contemporânea, suas causas, consequências e perspectivas.

O lançamento foi promovido pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (NEAD/MDA), a Editora Unesp e a Cátedra UNESCO de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial. Além de MAzoyer, a mesa contou com a participação de Bernardo Mançano Fernandes, coordenador da Cátedra UNESCO de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial, Maria Judith Gomes, delegada federal de Desenvolvimento Agrário (DFDA/MDA) em São Paulo, e Joaquim Soriano, coordenador geral do NEAD/MDA.

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16760&boletim_id=724&componente_id=12146

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mulheres obesas têm risco maior para o diagnóstico de tumores de mama maiores e em estágios mais avançados

Um estudo divulgado aqui no 11º Encontro Anual da American Society of Breast Surgeons, em Las Vegas, revelou que as mulheres obesas não apenas têm um risco maior de desenvolver câncer de mama – como já se suspeitava – mas também estão mais propensas a ter neoplasias que são detectadas em uma fase tardia, além de apresentar massas tumorais maiores no momento do diagnóstico.

O estudo, de autoria principal da Dra. Danielle Haakinson, Residente de Cirurgia na Mayo Clinic de Phoenix, no Arizona, dividiu 1.352 pacientes em dois grupos: obesas (n = 327) e não obesas (n = 1.026).

A Dra. Haakinson destacou no resumo do seu trabalho que não houve diferença na média de idade entre os grupos, e poucas pacientes obesas apresentavam câncer de mama quando mais jovens.

Além disso, como ela explicou em sua apresentação, a maioria das mulheres obesas que foram diagnosticadas com câncer descobriu seu tumor através da mamografia, ao invés da palpação (67% versus 56%, P = 0,0006).

Em grande parte, isto foi o resultado da baixa parcela de pacientes que detectou seus nódulos durante o autoexame; a detecção através do exame clínico foi de 5% para as pacientes obesas e de 6% para as não obesas (P = 0,0066).

A Dra. Haakinson observou em sua apresentação que as mulheres obesas apresentavam tumores maiores no momento do diagnóstico, uma informação que também é preocupante.

No grupo de obesas, 71% apresentavam tumores menores que 2 cm, enquanto que no grupo de não obesas, 79% das participantes tinham tumores com este mesmo tamanho.

Além disso, as pacientes obesas tinham uma maior probabilidade de desenvolver metástases de linfonodos (31% versus 25% , P = 0,026).

A equipe de pesquisadores escreveu em seu resumo que os grupos não apresentaram diferenças com relação à terapia adjuvante, à recorrência, a história familiar ou aos marcadores tumorais, mas de acordo com a análise multivariada, as pacientes obesas tenderam a apresentar uma taxa de sobrevida global pior, com hazard ratio de 1,53 (intervalo de confiança de 95%, 0,97 - 2,53).

A Dra. Deanna Atai, Diretora do Center for Breast Care, Inc, membro do American Board of Surgery e chefe do Comitê de Comunicação da American Society of Breast Surgeons disse ao Medscape Ob/Gyn & Women's Health: "este é mais um exemplo do quanto que a obesidade é um problema de saúde pública.

Sabemos que estas pacientes têm um maior risco de acidente vascular cerebral, de diabetes e de doenças cardíacas; agora, vemos que elas também apresentam um risco aumentado para o câncer de mama."

Os pesquisadores acreditam, com base em sua análise, que as mulheres obesas têm menos chance de manter os cuidados gerais de saúde "inclusive para realizar os check-ups anuais de rotina", comentou a Dra. Barbara Pockaj, que também pertence a Mayo Clinic e fez parte da equipe de pesquisadores.

Ela disse ao Medscape Ob / Gyn & Women's Health que a não realização de uma mamografia anual está incluída nestas faltas de cuidado com a saúde. Como é mais difícil palpar o tumor no seio de uma mulher obesa, há mais tempo para que o tumor cresça antes de ser detectado.

Em nota à imprensa, a Dra. Haakinson comentou que a problemática com relação aos cuidados básicos de saúde pode ser explicada "simplesmente pelo de as mulheres obesas possuírem menos chance de examinar seus seios, possivelmente porque se sentem desconfortáveis com sua imagem corporal".

Ela disse ainda ao Medscape Ob / Gyn & Women's Health que "independentemente das razões que fazem com que estas mulheres não se cuidem, os médicos precisam compreender que as mulheres estão negligenciando os cuidados básicos de saúde e devem incentivá-las a realizar estes cuidados.

Existe um risco maior entre estas pessoas de serem diagnosticadas com tumores já em estágio avançado. Ao fazer suas mamografias e check-up anuais elas podem tomar as rédeas da proteção de sua própria saúde".

A Dra. Pockaj acrescentou ainda que o fato das mulheres obesas apresentarem tumores maiores foi "um pouco surpreendente, pois deveria haver uma maior conscientização já que estas pacientes apresentam um risco maior".

A equipe concordou que a instalação de cuidados básicos de saúde mais intensivos pode afetar positivamente a mortalidade das mulheres obesas por câncer de mama.

Autora: Carole VanSickle
Publicado em 05/03/2010
Fonte: http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=120&id=26864&__akacao=280542&__akcnt=acd0802f&__akvkey=b818&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=GERAL+119+BR&langtype=1046

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Mulheres obesas engravidam mais sem desejar

Mulheres obesas usam menos métodos contraceptivos, dão menor importância à sexualidade e usam mais a internet que as outras para encontrar seus parceiros. Os dados são da primeira grande pesquisa a investigar o impacto do peso extra na atividade e na saúde sexual, em especial das mulheres. Para o estudo, publicado no "British Medical Journal", foram ouvidos mais de 12 mil moradores da França, com idades entre 18 e 69 anos. Os entrevistados foram divididos em três grupos: com peso normal (índice de massa corporal entre 18,5 e 25), sobrepeso (entre 25 e 30) e obesos (acima de 30). Os resultados mostraram também uma relação inversa entre peso e número de parceiros, nos dois gêneros. Entre as obesas, 17,8% acharam seu par pela internet; para os homens acima do peso, a taxa foi de 14%. "Os achados apontam para uma baixa autoestima e falta de cuidado. Obesos se previnem menos (de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis), talvez pela dificuldade de impor isso ao parceiro, com medo de ser rejeitado", diz Claudia Cozer, diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica). Entre as obesas, a taxa de gravidez não planejada chega a ser quatro vezes mais alta. Segundo a médica, muitas acham que não vão engravidar porque têm ciclos menstruais irregulares e passam meses sem menstruar. "Elas não mantêm regularmente um método contraceptivo por desinformação, medo de tomar pílula e engordar mais ou pequeno número de parceiros", afirma.

Fonte: www.bomdiadoutor.com.br

Seminário Nacional de Alimentação e Nutrição no SUS realiza Plenária final

A Plenária Final do Seminário Nacional de Alimentação e Nutrição no SUS, que teve como propósito o aprimoramento da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), que completou 10 anos em 2009, contou com a presença do Conselheiro Nacional de Saúde, José Marcos de Oliveira, como um dos Coordenadores. Como resultado do trabalho dos Grupos foram apresentadas 300 propostas de alteração do texto original da Política, a maioria no sentido de estender a implementação da PNAN nos Estados, municípios e em âmbito nacional.

O Seminário procurou contemplar a diversidade do Brasil, respeitando as peculiaridades de cada região e a cultura de cada comunidade. Ficou claro, a partir das discussões, que houve muitos avanços no Sistema Único de Saúde (SUS) relacionados à alimentação e nutrição, mas que os desafios ainda são muitos. É consenso que as Comissões Intersetoriais de Alimentação e Nutrição precisam ser criadas no âmbito dos Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, como está previsto no artigo 13 da Lei 8080/90, além da promoção de uma maior integração entre os Conselhos de Saúde, de Segurança Alimentar e Nutricional, Alimentação Escolar, de Assistência Social e de Direitos Humanos.

Divididas em blocos, as propostas abrangiam o a institucionalidade, controle social, atenção à saúde, intersetorialidade, desenvolvimento científico, regulação de alimentos e financiamento, como a que indica a inclusão de todos os municípios e as que sugerem repasse diferenciado ou um adicional financeiro para os estados e municípios da Amazônia Legal e da Região Nordeste. O objetivo é assegurar que os povos e comunidades tradicionais, assentados e acampados da reforma agrária tenham garantido o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), positivado na Constituição Brasileira pela Emenda Constitucional nº 64, que o acrescentou ao conjunto de direitos sociais relacionados no artigo 6º.

Entre as propostas do Seminário, levando em conta a aprovação da EC 64, está a inclusão da perspectiva do DHAA nas ações específicas e intersetoriais de alimentação e nutrição, tendo como referência as diretrizes do Guia Alimentar da População Brasileira. A impressão e distribuição desse guia, nas versões integral e de bolso, também estão entre as propostas, uma vez que esse seria um importante instrumento na formação dos profissionais e dos usuários.
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