quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dia mundial de luta contra as hepatites virais

Próximo sábado, 28 de julho, é o dia mundial de luta contra as hepatites virais. Esta data foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em substituição ao 19 de maio, anteriormente marcado como tal. Quando se especifica uma data no calendário, é sinal que o cotidiano das ações sobre as questões que se releva não tem ainda um caráter de normalidade, como deveria acontecer. Assim, temos o dia internacional da mulher num mundo com países onde a violência de gênero ainda é assustadora; o dia do índio, entre nós ainda rechaçados como povo. E vários outros exemplos poderiam ser citados aqui. Em que pese esse fato, a instituição de uma data de "celebração" tem trazido mais visibiliade às hepatites virais. Isto porque a sociedade civil tem se agregado em torno deste dia; as instituições ligadas ao tema sabem estar no foco da mídia e dos atores sociais mais engajados e organizados. A questão das hepatites virais no Brasil é posta em pauta em nível nacional, pelo menos. Entrosando um pouco quem desconhece ainda o tema, hepatite é um termo genérico, que significa inflamação no fígado. Pode ocorrer por várias causas e uma hepatite pode ser alcoólica, medicamentosa, auto-imune e outras. Quando se fala "hepatite viral" é aquela causada por vírus que atacam especificamente o fígado. Isso parece óbvio mas não é, pois o reconhecimento destas diferenças é de caráter bem especializado. O que mais as pessoas associam à palavra "hepatite" é um quadro clínico de olhos amarelos, a icterícia, e urina escura. Porém, a população em geral desconhece o fato de que uma hepatite viral pode transcorrer sem esses olhos amarelados; isso ocorre geralmente na hepatite por virus A. Que alguns vírus podem se instalar no nosso organismo e lá permanecer anos a fio, às vezes mais de 20 anos, só então dando sinais de que estão nos consumindo. São os virus B e C, que podem provocar uma hepatite crônica e evoluir para a cirrose, câncer de fígado, transplante hepático. Atualmente, está ocorrendo uma verdadeira viragem no tratamento da hepatite C. Esta é transmitida quando se tem contato com o sangue de alguém contaminado, de várias formas. Até então, recomendava-se a testagem com o anti-HCV em grupos específicos de pessoas, depois se incluiu o que se chama de comportamento de risco. É estabelecido na literatura médica que devem ser testadas para saber se têm hepatite C pessoas que receberam transfusão de sangue ou hemoderivados antes de 1993; profissionais de saúde; gestantes; usuários de drogas que compartilhem agulhas, seringas ou mesmo canudinhos de aspiração de cocaína; pessoas em situação de vulnerabilidade social; indivíduos institucionalizados como presidiários e assemelhados; quem fez tatuagem ou colocou piercing; gestantes; não esquecendo quem compartilha escova de dentes, lâminas de barbear, alicates de unha ou assemelhados. A transmissão sexual é baixíssima mas ocorre, sendo diferente da hepatite B, onde a transmissão por esse caminho é alta, semelhante à do virus HIV. Recomenda-se, então, que pessoas com múltiplos parceiros sexuais e/ou que façam sexo sem camisinha, também façam o teste anti-HCV. Recentemente, passou-se a recomendar que pessoas nascidas entre 1945-1965, independente do grupo ou comportamento, também façam o teste para saber se têm hepatite C. A razão disso é que tem se visto que o maior números de casos diagnosticados, já em fase de cirrose, são dessa faixa etária. Outro aspecto novo da hepatite C é quanto ao tratamento. As medicações disponíveis até então só atingiam no máximo em torno de 60% de cura. Duas medicações foram incorporadas e os índices de cura subiram para mais de 80%. Não são prescritas para todos os casos, há condutas para definir quem pode ou não ser tratado com estas novas drogas. Apesar disso, a ampliação do arsenal terapêutico representa um novo caminho no combate à doença em casos específicos, mais difíceis de tratar. Sendo um problema de saúde pública, as ações em relação à hepatite C dependem de normas e regras adotadas pelo Ministério da Saúde. Houve a incorporação das hepatites ao Departamento de DST/AIDS e, embora tenham ocorrido algumas transformações quanto às políticas públicas,ainda há uma distância enorme nas estratégias de combate às hepatites virais, para se chegar ao nível de excelência atual do Brasil em relação ao HIV/AIDS. Não se deve, portanto, cruzar os braços pois o caminho é longo. Mesmo nos últimos governos, onde a vontade política já progrediu bastante em relação a outros anteriores, as questões em relação às hepatites evoluem de modo vagaroso. Já sabemos que as conquistas sociais raramente nos chegam "de bandeja". Portanto, cabe a nós - profissionais de saúde que lidamos com hepatites - e à sociedade civil, por qualquer meio de representatividade, uma vigília permanente no que se refere a cobrar políticas públicas eficientes no sentido de prevenir, detectar e tratar as hepatites virais. Apenas isso pode quebrar a cadeia de transmissão dessas doenças que, além do lado meramente técnico, envolvem aspectos de caráter estigmatizante e muito sofrimento. Assim, todos os dias serão 28 de julho. Foto disponível em: http://blogdiretoriafernandopolis.blogspot.com.br/2012/07/acao-multiplicadora-dia-mundial-da-luta.html

domingo, 8 de julho de 2012

VITAMINA D NO TRATAMENTO DA HEPATITE C

ESTUDO REVELA BENEFÍCIOS DA VITAMINA D NO TRATAMENTO DA HEPATITE C

Um grupo de pesquisadores israelitas avaliou o uso da vitamina D em concomitância com a terapia padrão para a hepatite C que tem como base o interferon peguilado e a ribavirina. Os resultados do estudo foram apresentados na Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo da Liver EASL 2010, realizada entre 14 e 18 de abril, em Viena (Áustria). A terapia padrão para a infecção crónica pelo vírus da hepatite C (HCV) – em princípio – leva à resposta virológica sustentada (SVR) pela carga viral indetectável do HCV, seis meses após a conclusão do tratamento] em 42-44% das pessoas infectadas pelo genótipo 1 que, juntamente com o genótipo 4, têm a pior resposta ao tratamento. Nos pacientes que são co-infectados pelo VIH estes valores de sucesso são significativamente mais baixos. O SVR observado nesses estudos que variam entre 14 a 29% no caso do genótipo 1 do HCV. A influência da vitamina D na resposta ao tratamento foi sugerido pela observação de que esta ocorre em menor quantidade nas pessoas com pele mais escura. A vitamina é sintetizada na pele e é necessária que ocorre pela ação da radiação solar ultravioleta. A melanina é responsável pela ocorrência de mais ou menos cor escura da pele humana, absorve a radiação ultravioleta e impede esta produção de vitamina D. É por esta razão que a síntese cutânea de vitamina é mais eficaz em pessoas com pele mais clara. Além de na sua acção principal permitir adequada síntese óssea, a vitamina D regula a diferenciação e atividade de células CD4 + de linfócitos T, que desempenham um papel essencial na coordenação da função imunológica. Como a terapia padrão para tratar a infecção pelo VHC parte da sua actividade com base no aumento da resposta imune, pela acção do interferon peguilado, os autores deste estudo descobriram que a vitamina D pode promover a eficácia da terapia anti-HCV e aumentar o percentual de SVR. Num total de 58 pessoas com infecção crónica de HCV, foram escolhidos aleatoriamente dois grupos. Vinte e sete receberam interferon peguilado alfa-2b (1,5 mg / kg uma vez por semana), com uma dose diária de ribavirina [1000 1.200mg de peso] e vitamina D3 (1000-4000 UI por dia, com o objectivo de manter altos níveis sorológicos acima de 32 ng / mL). Os restantes 31 participantes formaram um grupo de controle, que receberam assim a mesma terapia, exceptuando a administração da vitamina D. As características dos pacientes dos dois grupos foram semelhantes em factores demográficos, associadas com a infecção, os parâmetros bioquímicos no início e a adesão ao tratamento. Só tiveram uma maior média de índice de massa corporal [IMC] no grupo que recebeu a vitamina D (27 ± 4 e 24 ± 3 em grupos com vitamina D e controle, respectivamente, p <0,001). Em 96% dos participantes que receberam a vitamina D e 48% dos pacientes do grupo controle tinham uma carga viral indetectável após 12 semanas de tratamento, ou seja uma resposta virológica precoce [EVR] de p <0,0001. Vinte e quatro semanas após a conclusão do tratamento, 86% daqueles que tomaram vitamina D e 41% no grupo de controle tinha carga viral indetectável (SVR). Não foram observadas diferenças quanto à presença de eventos adversos entre os dois grupos, tendo todos uma reacção ligeira ou moderada e geralmente associados com o tratamento padrão de infecção pelo VHC. Os benefícios proporcionados pela suplementação de vitamina D nesta avaliação, dada a sua pequena dimensão, devem ser apoiados por outros maiores. O sucesso, se forem confirmados em estudos futuros, seria de aumentar o tratamento padrão actual de uma forma simples e barata e a sua transferência para a prática clínica não implica muitas dificuldades. Esta estratégia também deverá ser testada em pessoas infectados pelo HIV e HCV. Fonte: http://vihsidanoticias.wordpress.com/2010/04/30/estudo-revela-beneficios-da-vitamina-d-no-tratamento-da-hepatite-c/
Francesc Martinez – 28/04/2010
Fonte: NATAP
Referência: Mouch Abu-S, Fireman Z, Jarchovský J, Assy N. Vitamina D SVR improba suplemento em pacientes com hepatite crônica C (genótipo 1) Pacientes tratados com PEG naïve interferon e ribavirin.45th Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo do Fígado (EASL 2010). Viena, Áustria. 14-18 abril de 2010. Sessão Paralela.
Tradução e Adptação REDE POSITIVO PT Abril 2010