segunda-feira, 6 de junho de 2011

Obesidade e distribuição de gordura

A distribuição de gordura é importante na obesidade

Um estudo apresentado no Encontro Anual da Sociedade Internacional para Ressonância Magnética em Medicina de 2011, mostra que em indivíduos obesos, a distribuição do tecido adiposo, tanto no corpo quanto no fígado e no músculo esquelético, é um importante preditor da sensibilidade à insulina.

"A partir desses achados, o índice de massa corpórea isoladamente parece não ser uma boa medida para a obesidade em termos de alterações metabólicas", disse Jürgen Machann, Dipl. Phys., da Seção Experimental em Radiologia do Hospital Universitário de Tübingen, na Alemanha. "Parece haver uma forma benigna de adiposidade. Quanto menor a gordura no corpo, melhor para o estado metabólico, expresso pela sensibilidade à insulina", disse ele.

O estudo incluiu 144 voluntários obesos, dos quais 90 eram do sexo feminino e 54 do sexo masculino, com média de idade de 47 e 44 anos, respectivamente. Todos os indivíduos tinham risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2 índices de massa corporal entre 33 e 35 kg/m2 .

A quantificação dos diferentes compartimentos de tecido adiposo foi realizada através de imagens de ressonância magnética ponderadas em T1, enquanto a espectroscopia com voxel único foi utilizada para determinar lipídios ectópicos no fígado e no músculo esquelético.



As medidas de tecido adiposo incluíram tecido adiposo total; tecido adiposo visceral; tecido adiposo subcutâneo abdominal; tecido adiposo dos membros inferiores, medido a partir dos pés até a cabeça do fêmur; e do tecido adiposo dos membros superiores, medido desde a cabeça do úmero às pontas dos dedos.

O pós-processamento foi realizado através de um procedimento de segmentação semi-automático. No total, entre 100 e 120 imagens foram geradas por paciente, cada qual levou cerca de 20 minutos, disse o Dr. Machann.

Os indivíduos foram divididos em 2 grupos, após um teste oral de tolerância à glicose, em sensíveis à insulina ou resistentes à insulina.

Apesar de não haver diferenças significativas entre os grupos em termos de índice de massa corpórea, percentual de tecido adiposo total (entre 37% e 49%), ou percentual de tecido adiposo subcutâneo abdominal (entre 14% e 20%), os indivíduos que eram resistentes à insulina tiveram maior porcentagem de tecido adiposo visceral em comparação com indivíduos sensíveis à insulina - uma diferença que por pouco não atingiu significância estatística (5,2% versus 5,9%, p = 0,07) no sexo masculino, mas foi significante no sexo feminino (3,3% versus.3.9%, p = 0,02), disse o Dr. Machann.

Por outro lado, os indivíduos sensíveis à insulina tiveram maior percentual de tecido adiposo em extremidades inferiores em comparação com indivíduos resistentes à insulina (14% versus.12% com p = 0,04, nos homens e 20% versus 18% com p = 0,002, em mulheres).

Os resultados para o tecido adiposo na parte superior do corpo são menos claros com as mulheres resistentes à insulina, mostrando porcentuais significativamente maiores do que aquelas sensíveis à insulina, embora os homens resistentes à insulina apresentam percentagens ligeiramente inferiores àqueles sensíveis à insulina.

Os lipídeos hepáticos estão mais do que dobrados em homens e mulheres com resistência à insulina em comparação com indivíduos sensíveis à insulina (p < 0,001 para ambos), relatou Dr. Machann.

A adiposidade "benigna" parece ser caracterizada por diminuição dos níveis de lipídios hepáticos e quantidades aumentadas de tecido adiposo nas extremidades inferiores, concluiu o investigador alemão.

"Isso reflete as bem conhecidas formas de maçã e pera, mas temos que reconhecer que há mesmo 'homens peras' e 'mulheres maçãs'", disse ele.

As conclusões ressaltam o papel importante que a imagem pode desempenhar na prática clínica diária, disse Scott Reeder, MD, PhD, um dos moderadores da sessão, professor adjunto e chefe das seções de ressonância magnética e imagem cardiovascular da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin em Madison.

"Eu acho que essa é uma coisa razoável que devemos pesquisar no futuro, uma vez que vêm surgindo novas técnicas, que podem fazer essa análise rapidamente", disse ele em entrevista.

"Se há alguma preocupação com o peso ou com o índice de massa corpórea do paciente, poderia se buscar uma resposta mais precisa através das imagens ", disse Dr. Reeder. Anteriormente, levaria muitas horas para segmentar todas as áreas e para medir a gordura visceral versus subcutânea, mas agora há formas mais automatizadas de se fazer isso. Assim, por exemplo, com apenas alguns minutos de exame e, em seguida, de segmentação automática, pode-se prontamente obter a resposta, o que realmente abaixa o custo. É rápido, não-invasivo e é barato. "

Dr. Machann e Dr. Reed não revelaram relações financeiras relevantes.

International Society for Magnetic Resonance in Medicine (ISMRM) 2011 Annual Meeting: Abstract 739. Presented May 13, 2011

Freelance writer, Montreal, Canada

Fonte: http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?id=29656&langtype=1046