quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Presidente Lula assina decreto que assegura o direito à alimentação

Rede de Nutrição do Sistema Único de Saúde (REDENUTRI)
Brasil

24/08/2010 11h05
Divulgação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina, às 18h desta quarta-feira (25), em Brasília, o decreto que institui a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. O documento define forma de gestão, financiamento, avaliação e controle social e busca assegurar o direito à alimentação adequada e saudável em todo o país, conforme prevê a Constituição Federal e a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan).

Essa política – iniciativa que visa fortalecer as estratégias de combate à fome – vai articular e integrar programas de diversos setores, garantindo o acesso aos alimentos e à água, e respeitando os aspectos regionais, étnicos e culturais. Um dos focos de prioridade são os brasileiros em situação de insegurança alimentar. Os principais programas que a compõem são o Programa de Aquisição de Alimentos, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o Programa Cisternas e as iniciativas de fortalecimento da agricultura familiar.

No decreto presidencial, também consta a forma de adesão de Estados, municípios e entidades ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que, entre outras medidas, estimulará a integração de esforços de governos e sociedade na gestão intersetorial e participativa para a execução de políticas que promovam o direito à alimentação. A assinatura faz parte das atividades da XVIII Reunião Plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Estarão presentes todos os conselheiros e observadores, além dos presidentes de conselhos estaduais.

A presidente da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional e ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Márcia Lopes, e o presidente do Consea, Renato Maluf, também participam do evento. A solenidade contará com a presença de ministros, governadores e representantes de organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

domingo, 15 de agosto de 2010

Enfrentamento da epidemia da obesidade

Texto de sistematização 4 das discussões na REDENUTRI, versão eletrônica no link:
http://200.214.130.35/nutricao/redenutri/docs/4sistematizacao.pdf

Mulheres obesas têm risco maior para o diagnóstico de tumores de mama maiores e em estágios mais avançados

Um estudo divulgado aqui no 11º Encontro Anual da American Society of Breast Surgeons, em Las Vegas, revelou que as mulheres obesas não apenas têm um risco maior de desenvolver câncer de mama – como já se suspeitava – mas também estão mais propensas a ter neoplasias que são detectadas em uma fase tardia, além de apresentar massas tumorais maiores no momento do diagnóstico.

O estudo, de autoria principal da Dra. Danielle Haakinson, Residente de Cirurgia na Mayo Clinic de Phoenix, no Arizona, dividiu 1.352 pacientes em dois grupos: obesas (n = 327) e não obesas (n = 1.026).

A Dra. Haakinson destacou no resumo do seu trabalho que não houve diferença na média de idade entre os grupos, e poucas pacientes obesas apresentavam câncer de mama quando mais jovens.

Além disso, como ela explicou em sua apresentação, a maioria das mulheres obesas que foram diagnosticadas com câncer descobriu seu tumor através da mamografia, ao invés da palpação (67% versus 56%, P = 0,0006).

Em grande parte, isto foi o resultado da baixa parcela de pacientes que detectou seus nódulos durante o autoexame; a detecção através do exame clínico foi de 5% para as pacientes obesas e de 6% para as não obesas (P = 0,0066).

A Dra. Haakinson observou em sua apresentação que as mulheres obesas apresentavam tumores maiores no momento do diagnóstico, uma informação que também é preocupante.

No grupo de obesas, 71% apresentavam tumores menores que 2 cm, enquanto que no grupo de não obesas, 79% das participantes tinham tumores com este mesmo tamanho.

Além disso, as pacientes obesas tinham uma maior probabilidade de desenvolver metástases de linfonodos (31% versus 25% , P = 0,026).

A equipe de pesquisadores escreveu em seu resumo que os grupos não apresentaram diferenças com relação à terapia adjuvante, à recorrência, a história familiar ou aos marcadores tumorais, mas de acordo com a análise multivariada, as pacientes obesas tenderam a apresentar uma taxa de sobrevida global pior, com hazard ratio de 1,53 (intervalo de confiança de 95%, 0,97 - 2,53).

A Dra. Deanna Atai, Diretora do Center for Breast Care, Inc, membro do American Board of Surgery e chefe do Comitê de Comunicação da American Society of Breast Surgeons disse ao Medscape Ob/Gyn & Women's Health: "este é mais um exemplo do quanto que a obesidade é um problema de saúde pública.

Sabemos que estas pacientes têm um maior risco de acidente vascular cerebral, de diabetes e de doenças cardíacas; agora, vemos que elas também apresentam um risco aumentado para o câncer de mama."

Os pesquisadores acreditam, com base em sua análise, que as mulheres obesas têm menos chance de manter os cuidados gerais de saúde "inclusive para realizar os check-ups anuais de rotina", comentou a Dra. Barbara Pockaj, que também pertence a Mayo Clinic e fez parte da equipe de pesquisadores.

Ela disse ao Medscape Ob / Gyn & Women's Health que a não realização de uma mamografia anual está incluída nestas faltas de cuidado com a saúde. Como é mais difícil palpar o tumor no seio de uma mulher obesa, há mais tempo para que o tumor cresça antes de ser detectado.

Em nota à imprensa, a Dra. Haakinson comentou que a problemática com relação aos cuidados básicos de saúde pode ser explicada "simplesmente pelo de as mulheres obesas possuírem menos chance de examinar seus seios, possivelmente porque se sentem desconfortáveis com sua imagem corporal".

Ela disse ainda ao Medscape Ob / Gyn & Women's Health que "independentemente das razões que fazem com que estas mulheres não se cuidem, os médicos precisam compreender que as mulheres estão negligenciando os cuidados básicos de saúde e devem incentivá-las a realizar estes cuidados.

Existe um risco maior entre estas pessoas de serem diagnosticadas com tumores já em estágio avançado. Ao fazer suas mamografias e check-up anuais elas podem tomar as rédeas da proteção de sua própria saúde".

A Dra. Pockaj acrescentou ainda que o fato das mulheres obesas apresentarem tumores maiores foi "um pouco surpreendente, pois deveria haver uma maior conscientização já que estas pacientes apresentam um risco maior".

A equipe concordou que a instalação de cuidados básicos de saúde mais intensivos pode afetar positivamente a mortalidade das mulheres obesas por câncer de mama.

Autora: Carole VanSickle
Publicado em 05/03/2010

American Society of Breast Surgeons 11th Annual Meeting: "Press Briefing from the Front Lines; Obese Patients Present with More Advanced Cancers: The Impact of Obesity on Breast Cancer." Presented April 30, 2010.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Comparação entre floras intestinais mostra danos da dieta ocidental

Ao analisar dois grupos de crianças – europeias e africanas – levando em consideração a dieta a que são submetidas, muitos apostariam que as do velho continente teriam uma alimentação mais saudável do que as africanas. Certo? Publicado semana passada na revista PNAS, um estudo mostrou que pode não ser bem assim. Liderados por Carlotta De Filippo, do Departamento de Farmacologia Pré-Clínica e Clínica da Universidade de Florença, pesquisadores compararam as bactérias intestinais de 14 crianças saudáveis da etnia mossi, do vilarejo de Boulpon, em Burkina Fasso; e de 15 crianças igualmente saudáveis de Florença, na Itália, ambos os grupos com faixa etária entre um e seis anos. A análise de amostras fecais mostrou que as crianças africanas – cuja dieta é predominantemente vegetariana, baseada em fibras, legumes e cereais – têm a flora intestinal mais rica em microrganismos que ajudam na digestão, e presença menor daqueles associados à obesidade em adultos. Além disso, detectou-se nelas grande quantidade de ácidos graxos de cadeia curta, conhecidos por protegerem contra bactérias patogênicas. As crianças do vilarejo de Boulpon têm alimentação rica em cereais, como milho, e em legumes e vegetais. A dieta é marcada pelo alto consumo de carboidratos (polissacarídeos), fibras e proteínas de origem não-animal. Hábitos alimentares que não mudaram muito desde o surgimento da agricultura, cerca de 10 mil anos atrás. O isolamento da aldeia, distante de áreas urbanas, foi decisivo para que a população mantivesse esses hábitos, bem diferente do que aconteceu com as crianças italianas. Com alimentação pobre em fibras e rica em gordura, açúcar e proteína animal, sua saúde leva desvantagem em relação ao primeiro grupo. As amostras indicaram que as crianças italianas têm uma menor variedade de microrganismos intestinais – apontados pelo estudo como “um órgão essencial que ajuda a digerir o alimento e proteção contra patógenos e inflamação”. A hipótese levantada é de que o consumo de açúcar, gordura animal e alimentos altamente calóricos – ou seja, uma dieta tipicamente ocidental – esteja por trás dessa diferença. Esses alimentos poderiam limitar o potencial adaptativo dos microrganismos no intestino. Do outro lado, os microrganismos intestinais das crianças africanas teriam evoluído com a exposição a uma grande variedade de micróbios do ambiente e com uma dieta rica em fibras – permitindo maior ganho de energia com a ingestão dos polissacarídeos, bem como proteção contra inflamações e doenças infecciosas do cólon. “A redução na riqueza microbiana pode ser um dos efeitos indesejáveis da globalização e do consumo de alimentos genéricos e não-contaminados”, diz a pesquisa em relação à era do consumo industrializado. Uma perda que talvez possa ser reparada com a diminuição de fritas, pizzas e outras guloseimas.

Fonte: Bom Dia Doutor
www.hebron.com.br

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Perda de peso por meninas com sobrepeso pode diminuir o risco de diabetes na vida adulta

A perda de peso por meninas com sobrepeso pode diminuir o seu risco de diabetes na vida adulta, de acordo com os resultados de uma análise do Nurses' Health Study II, relatados no Diabetes Care.

“Esses achados sugerem que assegurar que crianças com sobrepeso revertam seu ganho de peso é crítico para limitar o seu risco futuro de diabetes quando adultos”, disse em release para a imprensa a autora principal Edwina Yeung, PhD, do Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development em Bethesda, Maryland.

O objetivo da análise foi avaliar a associação entre sobrepeso infantil, junto com outras características de peso ao longo do curso de vida, com o desenvolvimento de diabetes tipo 2 na vida adulta.

No Nurses' Health Study II, um total of 109.172 mulheres relataram o que lembraram do seu nível de gordura corporal às idades de 5, 10 e 20 anos usando diagramas pictoriais de 9 níveis (somatotipos) refletindo de extrema magreza (categoria “1”) a obesidade (categoria “9”).

O índice de massa corporal (IMC) foi calculado pelo peso lembrado à idade de 18 anos e na vida adulta. As participantes que relataram ter diabetes tipo 2 completaram um questionário suplementar.

Os somatotipos às idades de 5 e 10 anos foram positivamente associados com o risco de diabetes na vida adulta (P para tendências < 0,0001). Mulheres com somatotipos de pelo menos “6” contra “2” aos 5 anos tiveram risco relativo ajustado para diabetes adulto de 2,19 (intervalo de confiança 95% [IC] 1,79 – 2,67).

À idade de 10 anos, o RR para somatotipos de pelo menos “6” contra “2” foi 2,57 (IC 95% 2,20 – 3,01). O risco foi aumentado para aumentos no tamanho por somatotipo ou por ganho de peso até a idade de 18 anos.

Comparadas com mulheres que nunca tiveram sobrepeso, mulheres que tiveram sobrepeso quando adultas (IMC > 25 kg/m2), mas não durante a infância tiveram um RR ajustado de 8,23 (IC 95% 7,41 – 9,15).

Para mulheres que também tinham sobrepeso aos 10 anos (somatotipo ≥ “5”) e aos 18 anos (IMC > 25 kg/m2), o RR ajustado foi 15,10 (IC 95% 13,21 – 17,26). Mulheres que tiveram aumento no tamanho quando crianças, mas não continuaram com sobrepeso na vida adulta não tiveram risco aumentado de diabetes adulto.

“O aumento do tamanho corporal iniciado na infância está associado a maior risco de diabetes na vida adulta”, escreveram os autores do estudo. “No entanto, as mulheres que se tornaram magras na vida adulta não têm risco aumentado”.

As limitações desse estudo incluem o desenho observacional, o uso de somatotipos lembrados ao invés do IMC como medida do tamanho infantil, generalizabilidade limitada a mulheres caucasianas e possivelmente confundidores residuais.

“Nossos achados demonstram que a importância do sobrepeso na infância depende grandemente do peso na vida adulta”, concluem os autores do estudo.

“Permanece importante, então, promover mudanças no estilo de vida desde a infância de modo a evitar a trajetória adversa. Foram sugeridas múltiplas intervenções para abordar o sobrepeso infantil, mas que precisam ser adequadamente testadas”.


Fonte: http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=120&id=27267&__akacao=294863&__akcnt=acd0802f&__akvkey=6aa5&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=GERAL+124+BR&langtype=1046

Diabetes Care. 2010;33:1364-1369.
Autora: Dra.Laurie Barclay
Informação sobre a autora: Dra. Laurie Barclay, escritora e revisora freelance, Medscape, LLC.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Dieta saudável em crianças promove uma maior massa óssea e uma gordura corporal mais baixa no decorrer do tempo

Crianças que ingerem vegetais de coloração verde-escura e amarela, limitando também a ingestão de alimentos fritos, podem ter uma massa óssea e gordura corporal mais saudáveis que aquelas que não o fazem.

De acordo com a Dra. Karen S. Wosje do Cincinnati Children's Hospital Medical Center, Ohio, e seus colaboradores, são disponíveis poucos dados sobre os componentes da dieta que, simultaneamente promovem uma baixa massa corporal gorda e uma alta massa óssea no início da vida.

"Não é de nosso conhecimento, a existência de outros estudos como esse, que tenham analisado a associação da composição da dieta com gordura corporal quanto com massa óssea”, notam os autores em seu trabalho, que foi publicado online no American Journal of Clinical Nutrition.

Os pesquisadores buscaram identificar padrões da dieta de crianças relacionados com gordura corporal e massa óssea em 325 crianças com idades entre 3,8 a 7,8 anos.

Dados foram coletados em 13 visitas durante um período de 4 anos. A massa óssea era medida por densitometria.

Os pesquisadores também levaram em consideração alguns quesitos que possam ter influenciado a gordura corporal e a massa óssea, incluindo raça, sexo, altura, calorias ingeridas, cálcio ingerido, nível de atividade física medido por acelerômetro e tempo gasto vendo televisão e brincando fora de casa.

Uma dieta com alta ingestão de vegetais de coloração verde-escura e amarela foi relacionada com baixa gordura corporal e maior massa óssea. Uma alta ingestão de carne processada foi relacionada à maior massa óssea e a alta ingestão de alimentos fritos foi relacionada a uma maior gordura corporal.

Os autores sugerem que a relação entre o consumo de carne processada e a massa óssea pode estar relacionada à proteína e declaram que “apesar de não defender as carnes processadas como fonte primária de proteína para crianças por causa dos seus altos índices de sódio e gordura saturada que estas contêm, as carnes processadas foram uma fonte significante de proteína e devem ser consideradas importantes no estudo da dieta e saúde de crianças, pois esse tipo de alimento é comumente ingerido.”

Os padrões dos escores das dietas se mantiveram relacionados à massa gorda e óssea depois do controle para todas as covariáveis (P < 0,001 – 0,03).

Uma limitação desse trabalho foi o uso da reduced rank regression. Apesar de útil para identificar padrões de dieta que estão relacionados com múltiplos resultados, os dados obtidos através desta redução é direcionada aos dados e não longitudinal.

Portanto, padrões não são necessariamente os mesmos a cada ano e não podem ser precisamente reproduzidos em outras coortes.

Os autores dizem que o processo biológico pelo qual os vegetais de coloração verde-escura e amarela afetam a massa óssea continua pouco claro, mas pode estar relacionado a seu alto conteúdo de mineirais alcalinizantes como o potássio.

Para concluir, eles atestam que os dados são gerados primariamente por hipóteses, mas declaram que “dietas de crianças que contém uma ingestão maior de vegetais de coloração verde-escura e amarela associada à menor ingestão de alimentos fritos pode gerar uma maior massa óssea e menor gordura corporal.”


Am J Clin Nutr.
Autora: Emma Hitt
Publicado em 06/04/2010
Informação sobre a autora: Emma Hitt é editor e escritora freelance do Medscape.

Fonte: http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=120&id=27223&__akacao=294863&__akcnt=acd0802f&__akvkey=6aa5&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=GERAL+124+BR&langtype=1046