sexta-feira, 4 de junho de 2010

A medicina e a humanização dos seus limites


Os limites da medicina

O novo código de ética médica deu enfoque a algumas questões, dentre elas os cuidados paliativos, que são um conjunto de técnicas médicas voltadas para pacientes com doenças graves, terminais ou incuráveis, com o objetivo de diminuir o sofrimento físico e psicológico. Esses cuidados são um dever ético dos profissionais e um direito do paciente. Nesta hora, o fazer médico – seja municiado dos próprios saberes, seja guarnecido pela lide com a dor e finitude humanas, deve ser direcionado para proporcionar o conforto necessário.
Com isto, o código ressalta alguns aspectos importantes: a postura de negação da morte – nos últimos tempos muito cultivada pelos médicos e também pelos pacientes – e a crença insana que a medicina e a tecnologia podem tudo. Relembra-nos que somos todos finitos e que, por mais arsenais tecnológicos que tenhamos, existe um limite intransponível. Sugere-nos que, diante do inexorável, o melhor a fazer é tornar mais suave o findar da vida. Resgata a possibilidade de morrer sem tubos ou isolado numa UTI, mas sim ao lado de quem se ama, permitindo o enfrentamento desse destino inevitável junto de quem se construiu a vida.
Nestes momentos, o papel do médico e dos familiares é de, conjuntamente, mitigar o sofrimento. Ao médico e aos envolvidos em cuidados de saúde cabe empregar o seu saber para cuidar e acolher. À família cabe um encargo doloroso, pois atravessar uma perda anunciada é dificílimo; entretanto, faz parte da vida humana e seu apoio ao doente é essencial. Mas, para empreitada tão difícil, é essencial a confiança e a compreensão mútuas, além do diálogo contínuo. Na morte, como na vida, humanizar é preciso.

Fonte da foto: http://tiagotenorio.wordpress.com/2009/11/12/ii-monologo-de-garcia/

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