quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Acúcar versus risco cardiovascular em adolescentes

O aumento na ingestão de aditivos de açúcar entre os adolescentes norte-americanos está relacionado com o risco cardiovascular

Autora: Dra. Laurie Barclay

Na publicação on-line da revista Circulation, foram relatados os resultados de um estudo transversal que indica o aumento na ingestão de aditivos de açúcar pelos adolescentes norte-americanos estão relacionados com o alto risco de doença cardiovascular.

A Dra. Jean A. Welsh, do Nutrition and Health Science Program na Emory University School of Medicine, em Atlanta, Geórgia, e colaboradores, relatam: "apesar de o aumento no consumo de carboidratos e de açúcar estar relacionado com um maior risco de doenças cardiovasculares entre os adultos, pouco se sabe sobre o impacto de aditivos de açúcares (dos adoçantes calóricos) entre os adolescentes norte-americanos".

Os dados dietéticos de 2.157 adolescentes norte-americanos, inscritos no National Health and Nutrition Examination Survey 1999-2004 e obtidos através do inventário do consumo alimentar de 24 horas, foram combinados com as informações do conteúdo de aditivos açúcar disponíveis no banco de dados MyPyramid do US Department of Agriculture.

As medidas do risco de doença cardiovascular foram estimadas em função do nível de ingestão de açúcar (<10%, 10% a <15%, 15% a <20%, 20% a <25%, 25% a <30%, e ≥ 30% da energia total ingerida). Os métodos estatísticos multivariáveis foram ajustados para que os dados fossem representativos da população de adolescentes norte-americanos e as variâncias foram ajustadas para dar conta dos métodos de amostragem complexa. O consumo médio diário de aditivos de açúcar foi de 21,4% do total de energia ingerido. O consumo de açúcar se correlacionava inversamente com os valores médios da lipoproteína de alta densidade (HDL) em mmol / L. Aqueles que consumiam menos tinham um valor médio de HDL = 1,40 (intervalo de confiança [IC] de 95%, 1,36-1,44) e os que mais consumiam tinham uma média de 1,28 (IC de 95%, 1,23-1,33; P tendência de 0,001). Para os adolescentes que estavam com sobrepeso ou obesidade, definidas pelo índice de massa corporal igual ou superior ao percentil 85, a adição de açúcar se relacionou diretamente com o modelo homeostase de avaliação da resistência à insulina (HOMA-IR; P tendência linear = 0,004). Os autores do estudo relatam: "O consumo de açúcares entre adolescentes norte-americanos está relacionado de modo positivo com várias medidas que, sabidamente, aumentam o risco de doenças cardiovasculares," As limitações deste estudo incluem o seu desenho transversal, com as informações sobre a exposição e os desfechos sendo medidos ao mesmo tempo, excluindo a determinação de causalidade; a utilização de informações dietética apenas das 24 horas; e a falta de informação sobre a validade do processo utilizado para estimativa do teor dos aditivos de açúcar contidos no banco de dados MyPyramid Equivalents do US Department of Agriculture. Os autores do estudo concluem: "apesar de serem necessárias mais pesquisas para avaliar o efeito dos aditivos de açúcar em longo prazo, os resultados deste estudo já sugerem que o risco futuro de doenças cardiovasculares pode ser reduzido, minimizando o consumo de aditivos de açúcares entre os adolescentes”. Um dos autores do estudo (Dra. Miriam B. Vos) foi financiada, em parte, por um prêmio do National Institutes of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases e pela Children's Digestive Health and Nutrition Foundation. A Dra. Vos também é o autora do The No-Diet Obesity Solution for Kids, das quais recebe royalties. Os autores do estudo não declararam relações financeiras relevantes. Circulation. Published online January 10, 2011. Fonte: http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=120&id=28578&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=152_GRAL_BR&langtype=1046

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Frente pela Regulação da Publicidade de Alimentos


Leia, ouça e apóie a Frente pela Regulação da Publicidade de Alimentos, que luta por esta regulação com vistas a corrigir o perfil nutricional atual da população brasileira e prevenir doenças relacionadas à obesidade,além de outras passíveis de serem evitadas com uma dieta adequada.
Mas a montanha de publicidade de alimentos, sobretudos os ricos em sal, gordura e açúcares simples, ou é regulamentada pelo governo, em conjunto com a sociedade, ou nunca reduzirá (é o mesmo que colocar a raposa para tomar conta de um galinheiro!)

http://www.youtube.com/watch?v=-xbsUEJ3Q3w&feature=player_embedded
http://regulacaoalimentos.blogspot.com/
Fonte da foto: http://teclamailmkt.com.br/dmm/ph/Yo85JQ1F.88j

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Vejam o que os alimentos podem fazer

Composto antiesquizofrenia
Uma substância encontrada em plantas e frutas como o maracujá, a laranja e o limão pode ser a chave para o tratamento de transtornos mentais como a esquizofrenia, que afeta 1% da população mundial. O primeiro passo para essa terapia seria um estudo publicado por oito pesquisadores brasileiros na próxima edição da revista "Stem cells and development", uma das principais do mundo na área de células-tronco. A equipe, coordenada pelo Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, é a primeira a estudar o efeito de flavonoides - um composto fartamente encontrado na natureza - em células-tronco embrionárias ou reprogramadas. O grupo não almejava o combate de doenças psíquicas, mas já avalia que esta poderia ser uma aplicação de seu trabalho. Uma série de pesquisas já havia identificado os efeitos antioxidantes dos flavonoides. Trata-se de uma característica benéfica, que reduz o risco de diversas doenças e até retarda o envelhecimento. “É um composto estudado há muito tempo. Já se descreveu sua ação hormonal, anti-hemorrágica, anticâncer”, lembra Stevens Rehen, diretor do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias. “O flavonoide também está presente em alimentos processados, como chá e vinho. Ainda assim, nunca haviam experimentado o seu efeito sobre o metabolismo de células-tronco”.

Fonte: Bom dia, Doutor (www.hebrom.com.br

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Conversas na REDENUTI , participe

Date: Thu, 3 Feb 2011 14:46:57 -0200

From: ageuqv@HOTMAIL.COM
To: REDENUTRI@LISTSERV.PAHO.ORG

Rede de Nutrição do Sistema Único de Saúde (REDENUTRI)
Caro Elber,
O cenário atual culmina para a promoção da Saúde, porém é fato esbarramos sempre na aculturação do povo brasileiro.O profissional de nutrição ainda pouco reconhecido ( para grande parte da população nutricionista só é útil para emagrecimento) e aí? até quando sociedades médicas vão continuar redigindo nossos protocolos de atendimento cliníco.Onde estão profissionais de nutrição que vão até orgãos públicos e reclamam o direito a nós assegurados? A América do Norte reconheceu seu grande problema e toma decisões urgentes.E o Brasil ? Na verdade acho que o CFN encontra-se mais preocupado com fitoterapia, do que com obesidade, mídia e alimentação e profissionalismo.Prova disto que ainda não vi em cadeia nacional ( televisão) sequer um parabéns ao profissional de nutrição pelo seu dia.Outro fato, recetemente a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia lançou uma campanha na TV sobre diabetes, cadê o CFN ? Se somos atores importantes no cenário da Saúde porque ainda insistimos em atuar em OFF........
Date: Thu, 3 Feb 2011 14:46:57 -0200
From: ageuqv@HOTMAIL.COM
Subject: Re: [REDENUTRI] [REDEN UTRI] Nova s diretriz es nos EUA encorajam restrição de calori as e mais exercício s para com bater a ob esidade

To: REDENUTRI@LISTSERV.PAHO.ORG
Date: Sat, 5 Feb 2011 12:18:28 +0000
From: fatimaduques@HOTMAIL.COM

Rede de Nutrição do Sistema Único de Saúde (REDENUTRI) Ageu, concordo plenamente com vc. Sou médica e professora de Fisiopatologia da Nutrição no Depto de Nutrição em João Pessoa - PB. Um dos pontos que sempre foco é a necessidade do profissional de saúde se impor no cenário da saúde como um todo. No entanto, observo muita "baixa estima" por parte dos estudantes de Nutrição, como se fossem uma categoria menor. Creio que isto ocorreu tb no início com a Fisioterapia, que ao longo do tempo foi adquirindo identidade, mas na Nutrição as coisas parecem andar um pouco mais devagar.
Trabalho tanto em medicina privada como em serviço de atendimento pelo SUS, dentro da minha especialidade (Gastroenterologia e Doenças do Fígado). No consultório, passamos a ter recentemente a obrigatoriedade dos planos de saúde de proporcionarem a consulta nutricional, para a qual encaminho a maioria dos pacientes. No entanto, não parece ainda haver um sistema de credenciamento ou algum tipo de acordo como a Fisioterapia fez, e não há disponibilização pelos planos de nutricionistas em consultório para livre escolha, e sim um nutricionista contratado ou apenas algumas poucas opções.
Nunca vi num jornal da cidade ou em qualquer outro forum aqui ninguem da categoria reclamar ou tentar exigir uma situação diferente. No serviço público, pelo menos no que vejo aqui, há até nutricionistas disponíveis, trabalhando porém sem nenhuma relação com os outros profissionais que permita um atendimento mais focado na integralidade.
Não me posto como componente de uma categoria especial na saúde, embora não veja a saúde sem a presença de médicos, como algumas correntes advogam. No entanto, também não vejo a saúde sem a presença de odontólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, educadores físicos, etc. Mas me ressinto da quase absoluta falta de mobilização dos nutricionistas para deixarem de atuar em off, como vc bem disse.
Não me ocupo também da guerra atual de profissões pois acho que cada uma tem suas atribuições e responsabilidades. Entretanto, procuro incultir nos alunos que não só devem ser bons profissionais em quaisquer das áreas que atuem, como também devem ter orgulho da profissão e lutar pelo seu espaço.
Há tempos atrás, quando iniciei na universidade, observava muitas migrações de ótimos alunos do curso de nutrição para outros cursos. Hj vejo que isto já diminuiu bastante, embora não creio - infelizmente - que isto seja resultado da luta desta categoria profissional, mas muito mais pela divulgação que a mídia faz, pela requisição dos próprios usuários dos sistemas de saúde, pela adoção de nutricionista por espaços bastante elitizados como academias, restaurantes, etc.
A remuneração por produção pelos planos de saúde é baixissima, assim como a dos médicos (alguns planos de saude pagam 65,00 por uma biopsia hepática, o mesmo que pagamos a um encanador para trocar uma torneira - sem desmerecer o trabalho do encanador, mas convenhamos que a diferença do grau de responsabilidade é abismal - ou 25,00 por uma consulta). Mas de todo modo, o CFM e outros ajuntamentos médicos tem se mobilizado para melhorar um pouco estas distorções. No entanto, quase não vejo mobilizações de nutricionistas.
Como vejo o ótimo resultado nas patologias com as quais trabalho, acredito que provavelmente a maioria dos médicos de outras especialidades assim também o vejam. Só isto já seria um fator de união entre as categorias, pois na verdade deveriamos todos era lutar para que o profissional de saude de qualquer area fosse respeitado e reconhecido, cada um na sua atuação, sem rechaços de qq parte.
Portanto, acho que esta aculturação que voce fala sinto que já começa no próprio profissional, como vc bem diz, "onde estão os profissionais de nutrição que vão até orgãos públicos e reclamam o direito eles assegurados?" Se a própria categoria se mobiliza e se valoriza pouco, o que se pode esperar?
Que se inicie uma organização mais unida e altiva, que trara mais resultados para a profissao e para a populaçao. Ademais, não deixar de imergir nas politicas publicas para ter base de reivindicaçao

Fátima

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

RedeNutri publica sobre Atuação Intersetorial da Nutrição com ênfase em transtornos alimentares

Disponível texto de sistematização sobre Atuação Intersetorial da Nutrição com
ênfase em transtornos alimentares
, no link
http://189.28.128.100/nutricao/docs/redenutri/8sistematizacao.pdf

Ponto para os Estados Unidos, mesmo sabendo que estão só fazendo remendos

Novas diretrizes nos EUA encorajam restrição de calorias e mais exercícios para combater a obesidade

Os americanos precisam diminuir o consumo de sal, e ao mesmo tempo aumentar a ingestão de frutas e vegetais. Esta é nova recomendação do governo de Barack Obama, que espera reduzir o número de adultos e crianças obesas nos Estados Unidos. A nova política também sugere que a população troque o refrigerante pela água, coma menos gorduras e privilegie os grãos integrais.

- A verdade é que os americanos estão gordos demais - afirmou o secretário de Agricultura Tom Vilsack.

Nos EUA, um terço das crianças e dois terços dos adultos estão acima do peso. Para Vilsack, as novas diretrizes vão ajudar o país a encarar de frente o problema da obesidade.

" A verdade é que os americanos estão gordos demais "

- As recomendações vão ajudar as pessoas a fazerem escolhas mais saudáveis no dia a dia, e também incentivar a prática de exercícios físicos.

O plano divulgado pelo governo contém 23 recomendações para a população geral, e outras para grupos específicos com as gestantes. Evitar porções gigantescas, preferir os alimentos com pouco sódio e comer frutas e verduras todos os dias estão na lista. As diretrizes foram criadas após uma revisão de diversos estudos publicados nos últimos anos.

Desde que Obama assumiu o governo, a primeira-dama Michelle vem coordenando uma série de iniciativas contra a obesidade infantil. Na semana passada, fabricantes de alimentos, supermercados e padarias se comprometeram a fornecer as informações nutricionais dos alimentos.

Fonte: Jornal o Globo, secção Saúde
http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2011/02/01/novas-diretrizes-nos-eua-encorajam-restricao-de-calorias-mais-exercicios-para-combater-obesidade-923712440.asp

Consumo excessivo de gordura trans pode levar à depressão

Que a ingestão de gorduras trans e saturadas traz prejuízos à saúde já é de
conhecimento de todos, mas agora, novo estudo realizado na Espanha mostra que o consumo dessas gorduras aumenta as chances de a pessoa sofrer de depressão.
Realizado nas Universidades de Navarra e Las Palmas, o estudo analisou 12 mil voluntários durante seis meses, e concluiu que quanto maior a quantidade de gorduras trans e saturadas, maiores as alterações mentais. O acúmulo de gordura no abdômen pode gerar alterações hormonais e produzir substâncias inflamatórias que interferem no funcionamento do cérebro. O risco de depressão aumentou 48% com a ingestão de gorduras trans e saturadas. Por outro lado, a pesquisa mostrou também que o consumo de gorduras “boas”, como aquelas presentes no azeite de oliva e nas gorduras poli-insaturadas, presentes em peixes e óleos vegetais, provocam melhoras na saúde mental dos voluntários.

Fonte: Bom Dia Doutor
www.hebron.com.br

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Walmart contribuindo na prevenção de doenças crônicas relacionadas à gordura, sal e açúcar

Walmart oferecerá mais alimentos com menos gordura, sais e açúcares


The New York Times

Sheryl Gay Stolberg
Washington (EUA)

O Walmart, a maior empresa de varejo americana, anunciará na quinta-feira um plano de cinco anos para redução de sais, gorduras e açúcares não saudáveis em milhares de seus alimentos embalados, e reduzir os preços de frutas, verduras e legumes.

A iniciativa nasceu das discussões da empresa com a primeira-dama Michelle Obama, que estará presente no anúncio em Washington e que tornou os hábitos alimentares saudáveis e a redução da obesidade infantil na peça central de sua agenda. Assessores disseram que é a primeira-vez que Michelle Obama dá seu apoio ao trabalho de uma empresa individual.

O plano, semelhante aos esforços de outras empresas e às iniciativas de saúde pública da prefeitura de Nova York, estabelece metas específicas para redução de sódio, gorduras trans e açúcares adicionados a uma variedade de alimentos –incluin do arroz, sopas, feijão enlatado, temperos de salada e salgadinhos como batatas fritas– que levam a marca própria da empresa, Great Value.

Em entrevistas antecipando o anúncio, o Walmart e funcionários da Casa Branca disseram que a empresa também promete pressionar suas maiores fornecedoras de alimentos, como a Kraft, a seguir seu exemplo. O Walmart não revela quanto de suas vendas vem de sua marca própria. Mas a Kraft diz que aproximadamente 16% de suas vendas globais são feitas pelo Walmart.

Além disso, o Walmart buscará eliminar qualquer custo adicional para os clientes para alimentos saudáveis feitos com grãos integrais, disse Leslie Dach, vice-presidente executivo para assuntos corporativos do Walmart. Ao reduzir os preços de alimentos frescos como frutas, verduras e legumes, o Walmart diz que reduzirá seus próprios lucros, na esperança de compensá-los em volume de vendas.

“Não se trata de pedir aos produtores rurais para que aceitem menos pelos seus produtos”, ele disse.

As mudanças serão introduzidas lentamente, ao longo de um período de cinco anos, para dar tempo à empresa para superar obstáculos técnicos e dar aos consumidores tempo para se adaptarem ao novo sabor dos alimentos, disse Dach.

“Não adianta nada ter alimentos saudáveis se as pessoas não os comerem.”

O Walmart não é a primeira empresa a adotar medidas como essas; a ConAgra Foods, por exemplo, prometeu reduzir o conteúdo de sódio em seus alimentos em 20% até 2015.

Mas como o Walmart vende mais gêneros alimentícios do que qualquer outra empresa no país, e por ser uma grande compradora de alimentos produzidos pelos fornecedores nacionais, os especialistas em nutrição dizem que as mudanças podem ter um grande impacto na acessibilidade a alimentos saudáveis e na saúde das famílias e crianças americanas.

Alguns dizem que a emp resa tem quase tanto poder quanto os reguladores federais para moldar o mercado.

“Várias empresas disseram que promoverão reduções voluntárias de sódio ao longo dos próximos anos, e várias empresas disseram que tentarão retirar a gordura trans de seus alimentos”, disse Michael Jacobson, diretor executivo do Centro para Ciência no Interesse Público. “Mas o Walmart está em uma posição quase semelhante à da Food and Drug Administration (FDA, órgão regulador de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos). Eu acho que isso realmente pressiona a indústria alimentícia na direção certa.”

Mas a pressão do Walmart tem limites. As reduções propostas de açúcar da empresa são “muito menos agressivas” do que poderiam ser, disse Jacobson, notando que o Walmart não está propondo lidar com o problema dos açúcares adicionados aos refrigerantes, que os especialistas consideram os maiores contribuidores para a obesidade infan til. E ele disse que seria “bom se o prazo do Walmart fosse menor” do que cinco anos.

O Walmart está planejando a iniciativa há mais de um ano; o esforço estava em seus estágios iniciais quando Michelle Obama ingressou. A aparição da primeira-dama com Dach e outros executivos do Walmart quando fizerem o anúncio em um centro comunitário no bairro de Anacostia, em Washington, na manhã de quinta-feira, é fora do comum e um esforço proeminente por parte do governo para promover mais alimentos saudáveis.

“Nós não estamos apenas nos alinhando com uma empresa; nós estamos nos alinhando com pessoas que estão assumindo a liderança na condução deste país para uma posição mais saudável”, disse Sam Kass, o chef da Casa Branca que também serve com principal assessor de Michelle Obama em assuntos de nutrição.

“Não há receios em relação a isso”, disse Kass. “As únicas dúvidas que temos é se consideramos e ste um passo significativo na direção certa, se achamos que dispomos de um método para monitorar o progresso e se achamos que isto terá o impacto que desejamos.”

Ao longo do ano passado, Kass e outros assessores da primeira-dama passaram inúmeras horas em reuniões com executivos de empresa; tanto Kass quanto Dach disseram que Michelle Obama pressionou a empresa a se responsabilizar por emitir relatórios públicos de progresso. A Parceria por uma América Mais Saudável, uma organização sem fins lucrativos que trabalha com a primeira-dama em sua iniciativa Vamos nos Mover, para redução da obesidade infantil, monitorará o progresso da empresa.

As mudanças não ocorrerão da noite para o dia. O Walmart está prometendo reduzir o sódio em 25%, eliminar as gorduras trans adicionadas industrialmente e reduzir os açúcares adicionados em 10% até 2015. Seus outros planos são menos específicos. Além de propor a redução dos preços dos alimentos saudáveis, o Walmart está planejando desenvolver um critério, e no final um selo, que será aplicado aos alimentos realmente saudáveis, de acordo com a medição de seu conteúdo de sódio, gordura e açúcar.

A empresa diz que também tratará do problema dos “desertos alimentares” –a escassez de lojas que vendem alimentos frescos em áreas rurais e urbanas mal servidas como Anacostia– por meio da construção de mais lojas. E aumentará as contribuições de caridade para programas de nutrição.

Vários estudos mostram que pessoas de baixa renda, especialmente aquelas que recebem cupons de alimentos, enfrentam desafios especiais de dieta, porque a alimentação de modo saudável custa mais caro e alimentos saudáveis são mais difíceis de encontrar em seus bairros. James D. Weill, presidente do Centro para Ação e Pesquisa Alimentar, uma organização que tem pressionado o Walmart a ajudar a lidar com este problema, disse que a empresa parece ter reconhecido “quanta fome e insegurança alimentar há no país”.

Dach disse que os preços mais baixos e reformulações dos alimentos foram motivados por exigências dos próprios clientes do Walmart. Ele disse que a empresa acredita que, se for bem-sucedida, as reduções de preço economizariam aos americanos que compram no Walmart aproximadamente US$ 1 bilhão por ano em frutas, verduras e legumes frescos por ano.

“Nossos clientes sempre nos disseram: ‘Nós não entendemos porque o macarrão com queijo de trigo integral custa mais do que o macarrão com queijo comum’”, disse Dach, acrescentando que “nós sempre dissemos que não achamos que os clientes do Walmart precisam ter que escolher entre um produto mais saudável para eles e aquele que podem comprar”.

Jacobson, do Centro para Ciência no Interesse Público, disse que a redução do sódio é a mais difícil das mudanças nos alimentos. O sódio está em todas as categorias de alimentos e é mais difícil de substituir do que o óleo parcialmente hidrogenado que compõe as gorduras trans, ou do que os açúcares, por que estes são facilmente substituíveis por outros óleos e açúcares. Mas o sódio, que contribui para a hipertensão e aumenta o risco de doença cardíaca, deve apenas ser reduzido, o que pode alterar enormemente o sabor.

Dach disse que a empresa ainda precisa atingir suas metas de reformulação, e descreveu as metas como sendo tanto uma aspiração quanto realistas. “Nós achamos que se trata de uma meta realista, mas é uma aspiração no sentido de que não podemos dizer hoje como tudo será feito”, ele disse.

William Neuman, em Nova York (EUA), contribuiu com reportagem.
Tradução: George El Khouri Andolfato
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2011/01/21/walmart-oferecera-mais-alimentos-com-menos-gordura-sais-e-acucares.jhtm

Leonardo Sakamoto comenta: Varejista quer deixar americanos menos gordos

Varejista quer deixar americanos menos gordos

De Washington – O Walmart anunciou que vai eliminar a gordura trans industrializada dos produtos embalados que a empresa vende nos Estados Unidos e cortar em 10% a quantidade de açúcar e em 25% a de sódio usados em categorias-chave de alimentos até 2015. A rede é a maior varejista do mundo.

Essas informações foram retiradas de um artigo de Ariel Schwartz, publicado no site da revista Fast Company, uma conhecida publicação progressista que trata de negócios, ética e tecnologia por aqui nos Estados Unidos. A história saiu em alguns veículos aí do Brasil na semana que passou, mas gostei de algo postado pelo autor do texto daqui. Segundo ele, o Walmart irá, com isso, resolver um problema que ele mesmo alimentou, pois de acordo com um estudo da Universidade da Carolina do Norte, de 2009, uma loja do Walmart Supercenter a mais para cada 100 mil habitantes aumenta a taxa de obesidade em 2,4% e a média do índice de massa corpórea em 0,25 pontos.

Foram consideradas como categorias-chave de alimentos grãos, carnes, lácteos, condimentos, salgadinhos e comidas prontas (para sódio) e grãos, lácteos, condimentos, sucos de frutas e frutas enlatadas (para açúcar). Para conseguir isso, é claro, terão que atuar em sua cadeia produtiva, ou seja, com seus fornecedores. Segundo a rede, se essas reformulações forem adotadas, adultos norte-americanos irão consumir 21,3 milhões de quilos a menos de sódio a cada ano – o equivalente a todo o sódio consumido pelos moradores de Los Angeles, Nova Iorque, Chicago.

Considerando que o norte-americano médio se alimenta mal para diabo, a notícia é positiva – caso seja efetivamente realizada e que não páre por aí, avançando para outros produtos. E outros países em que a empresa tenha lojas.

Por aí, apenas com muita dificuldade somos capazes de aprovar regras para anúncios publicitários de produtos gordurosos ou com muito açúcar, como a propôs a Anvisa. E olha que não estamos falando de proibição, mas sim de informação – coisa que deveria ser fornecida abertamente. Afinal de contas, o consumo em excesso de certos alimentos pode trazer riscos à saúde.

Regras assim não agradam as indústrias de refrigerantes, sucos concentrados, salgadinhos, biscoitos e de bebidas com muita cafeína, por exemplo. Ou seja, tudo aquilo que a molecada adora, mas que pode contribuir com doenças cardíacas, hipertensão, diabetes. Lembremos que a exigência de rotulagem de produtos que contenham transgênicos e a obrigação de estampar que o tabagismo mata nos maços de cigarro também foram alvo de furiosas reclamações por parte de algumas empresas e associações.

Quando alguma limitação à publicidade de produtos é baixada, há sempre um grupo que brada ser esse ato um atentado à liberdade de expressão. Mas, ao usar essa justificativa, o que acaba defendendo é o direito de ficar em silêncio para não se expor diante da sociedade. O problema é que essa omissão de informações acaba sendo um atentado contra a liberdade de escolha. Como é possível decidir se não há informação suficiente?

Como já disse aqui um milhão de vezes, comprar é um ato político, pois ao adquirir um produto você dá seu voto para a forma através da qual uma mercadoria foi fabricada e mesmo o que ela representa. Seria importante, por exemplo, que as mercadorias viessem com informações sobre sua origem e com o que foram feitas. Dessa forma, o consumidor poderia decidir se vai considerar apenas fatores como o preço ou a estética, ou vai levar para casa um produto que não faz mal a seus filhos. Ou irá se atentar, na hora de comprar, para elementos como desmatamento, trabalho escravo, ocupação ilegal de territórios indígenas, que parecem distante, mas estão coligados com seu bife ou sua camisa pelo ato da compra.

Fonte: http://blogdosakamoto.uol.com.br/