sexta-feira, 30 de abril de 2010

Mortadela mais saudável

Unicamp cria mortadela com menos sal e gordura

www.folhaonline.com.br

Após um ano e meio de testes, pesquisadores da Unicamp (Universidade de Campinas) desenvolveram uma mortadela mais saudável. O novo produto possui menos sal (50%) e gordura (10%), diz Marise Pollonio, professora de engenharia de alimentos e orientadora da pesquisa.

Segundo ela, o maior desafio foi encontrar um combinação de sais que substituísse o cloreto de sódio e que não alterasse o sabor final. O alimento foi submetido a uma avaliação sensorial com 112 provadores que analisaram sabor, aroma e textura. O resultado foi satisfatório, mas os estudos ainda não terminaram.

"Esta formulação estaria pronta para o mercado, mas precisa de uma etapa adicional, que é melhorar o sabor, pois ela ficou bem suave. Precisamos otimizar a formulação com o uso de ervas e especiarias", explica Pollonio neste podcast.

UNICEF: Cuba é território livre de desnutrição infantil

Cira Rodríguez César, da Prensa Latina
reproduzido do link: http://www.consciencia.net/agencia/?p=310

A existência no mundo em desenvolvimento de 146 milhões de crianças menores de 5 anos abaixo do peso contrasta com a realidade das crianças cubanas, reconhecida mundialmente por estar alheia a esse mal social. Essas preocupantes cifras apareceram num recente relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), sob o título de Progresso para a Infância, Um balanço sobre a nutrição, divulgado na sede da ONU.

De acordo com o documento, as porcentagens de crianças abaixo do peso são de 28% na África Subsaariana, 17% no Oriente Médio e na África do Norte, 15% na Ásia Oriental e no Pacífico, e 7% na América Latina e no Caribe. Completam a tabela a Europa Central e do Leste, com 5%, e outros países em desenvolvimeto, com 27%.

Cuba não tem esses problemas. É o único país da América Latina e do Caribe que eliminou a desnutrição infantil severa, graças aos esforços do Governo para melhorar a alimentação do povo, especialmente a daqueles grupos mais vulneráveis.

As cruas realidades do mundo mostram que 852 milhões de pessoas padecem de fome e que 53 milhões delas vivem na América Latina. Só no México, há 5,2 milhões pessoas desnutridas e no Haiti 3,8 milhões, enquanto em todo o planeta morrem de fome a cada ano mais de 5 milhões de crianças.

De acordo com estimativas das Nações Unidas, não seria muito custoso lograr saúde e nutrição básica para todos os habitantes do Terceiro Mundo. Bastariam, para alcançar essa meta, 13 bilhões de dólares anuais adicionais ao que agora se destina, uma cifra que nunca se logrou e que é exígua se se compara com o trilhão que a cada ano se destinam à publicidade comercial, os 400 bilhões em drogas estupefacientes ou inclusive os 8 bilhões que se gastam nos Estados Unidos em cosméticos.

Para satisfação de Cuba, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) também reconheceu que esta é a nação com mais avanços na América Latina na luta contra a desnutrição. O Estado cubano garante uma cesta básica de alimentos, que permite a nutrição de sua população ─ ao menos nos níveis básicos ─ mediante a rede de distribuição de produtos normatizados. De igual forma, levam-se a cabo reajustes econômicos em outros mercados e serviços locais para melhorar a alimentação do povo cubano e atenuar o deficit alimentar.

Especialmente, mantém-se uma constante vigilância sobre o sustento dos meninos, das meninas e dos adolescentes. Assim, a atenção à nutrição começa com a promoção de uma melhor e natural forma de alimentação da espécie humana.

Desde os primeiros dias de nascidos, os incalculáveis benefícios da lactância materna justificam todos os esforços realizados em Cuba a favor da saúde e do desenvovimento de sua infância. Isso permitiu elevar as porcentagens de recém nacidos que mantêm até o quarto mês de vida a lactância exclusiva e que inclusive continuam consumindo leite materno, complementado com outros alimentos, até os 6 meses de idade.

Atualmente, 99% dos recém nascidos egressam das maternidades com lactância materna exclusiva, superior à meta proposta, que é de 95%, segundo dados oficiais, nos quais se indica que todas as províncias do país cumprem esta meta.

Apesar das difíceis condições econômicas atravessadas pela Ilha, vela-se pela alimentação e nutrição das crianças, mediante a entrega diária de um litro de leite fluido a todas as crianças de zero a 7 anos de idade. Soma-se a isso, a entrega de outros alimentos, por exemplo, compotas, sucos e verduras, que, na dependência das disponibilidades econômicas do país, distribuem-se equitativamente nos primeiros anos da infância.

Até os 13 anos de idade, prioriza-se a distribuição subsidiada de produtos complementares como o iogurte de soja e em situações de desastres naturais protege-se a infância mediante a entrega gratuita de alimentos de primeira necessidade. As crianças incorporadas aos Círculos Infantis (creches) e às escolas primárias em regime de semi-internato recebem, além do mais, o benefício do esforço contínuo para melhorar sua alimentação quanto a componentes dietéticos lácteos e protêicos.

Com o apoio à produção agrícola ─ mesmo em condições de seca severa ─ e uma maior importação de alimentos, alcança-se um consumo de nutrientes acima das normas estabelecidas pela FAO. Em Cuba, esse indicador não é a média fictícia de somar o consumo alimentar dos ricos e o dos famintos.

Adicionalmente, o consumo social inclui a merenda escolar, que se reparte gratuitamente a centenas de milhares de estudantes e trabalhadores da educação, as cotas especiais de alimentos para crianças de até 15 anos e pessoas de mais de 60 nas províncias orientais.

Nessa lista estão contempladas as grávidas, as mães lactantes, os anciãos e os incapacitados, o suplemento alimentar para crianças de baixo peso e tamanho, e o abastecimento de alimentos aos municípios de Pinar del Río, Havana e à Ilha da Juventude. Tais entidades foram castigadas no ano passado por furacões, enquanto as províncias de Holguín, Las Tunas e 5 municípios de Camaguey sofrem atualmente com a seca.

Nesse empenho, colabora o Programa Mundial de Alimentos (PMA), o qual contribui para melhora do estado nutricional da população mais vulnerável na região oriental, onde se beneficiam a mais de 631 mil pessoas. A cooperação do PMA com Cuba data de 1963, quando essa agência brindou assistência imediata às vítimas do furacão Flora. Até a data, consumou no país 5 projetos de desenvolvimento e 14 operações de emergência.

Recentemente, Cuba passou de país receptor a doador. O tema da desnutrição cobra grande importância na campanha da ONU para lograr em 2015 as Metas de Desenvolvimento do Milênio, adotadas na Cúpula de chefes de Estado e de Governo celebrada em 2000, e que têm entre seus objetivos eliminar a pobreza extrema e a fome até essa data.

Mas os cubanos afirmam que essas metas não tiram o sono de ninguém. A própria ONU situa o país na vanguarda do cumprimento de tais reptos em matéria de desenvolvimento humano. Não isenta de deficiências, dificuldades e sérias limitações impostas pelo bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos há mais de 4 décadas, Cuba não mostra desesperadores nem alarmantes índices de desnutrição infantil.

Nenhuma das 146 milhões de crianças menores de 5 anos abaixo do peso que vivem hoje no mundo é cubana.

Tradução: Sergio Granja, Fundação Lauro Campos

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Crianças gordas já apresentam risco maior de doenças cardíacas

Crianças obesas ou com sobrepeso já apresentam sinais de inflamação que estão associados a um maior risco de doença cardíaca em adultos. A conclusão é de um estudo que avaliou 16.335 crianças entre um e 17 anos. As que estavam obesas apresentavam níveis altos da proteína C-reativa (PCR), marcador que se eleva em processos inflamatórios e infecciosos. Os resultados foram publicados na "Pediatrics". Nos adultos, níveis elevados dessa proteína indicam um maior risco de desenvolvimento de aterosclerose (formação de placas de gordura que leva ao entupimento das artérias). Encontrar esse marcador aumentado em crianças, em uma fase tão precoce, é um fator que preocupa especialistas. A PCR elevada aumenta o risco de um infarto precoce, por exemplo. No estudo, 42% das crianças entre três e cinco anos que eram obesas tinham níveis elevados de PCR, em comparação com 17% daquelas que tinham o peso normal. Essas diferenças eram ainda maiores entre as crianças mais velhas: 83% das muito obesas (dos 15 aos 17 anos) apresentaram níveis elevados do marcador. "A PCR é um dos marcadores de presença de inflamação crônica mais validados. Ela pode aparecer em outras inflamações momentâneas [como uma inflamação dos dentes], mas é um marcador razoável", afirma a cardiologista pediátrica Isabela de Carlos Giuliano, professora-adjunta do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Santa Catarina.

Bom Dia Doutor - Laboratório Hebron

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Objetivo deste espaço


Este espaço foi criado a partir de conversas com alunos que manifestaram o desejo de se comunicar mais amplamente com pessoas de outras áreas, pois consideram fragmentados os meios de comunicação e expressão sobre o campo da saúde a que se dedicam. Queriam algo mais que e-mail, Orkut, MSN e outros. O intuito desta iniciativa foi, portanto, proporcionar um espaço de discussão na área da Nutrição, relacionando essa ciência às outras áreas do conhecimento. Dispõe-se a publicar artigos, opiniões, comentários, relatos, experiências e propostas de discussão. Propõe-se, portanto, a ser mais um instrumento que proporcione aos interessados uma visão de integralidade do ser humano, objeto das ações em saúde.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Evidências do sinergismo entre obesidade e consumo de álcool na gênese da cirrose hepática

Consumo de álcool + obesidade = sinergismo ao provocar doença hepática

O consumo de álcool é um fator de risco evidente para a doença hepática, assim como a obesidade. Além do mais, o álcool e a obesidade parecem ter vias fisiológicas comuns ao originar a doença hepática. Algumas pesquisas têm sugerido que estas duas condições podem ser sinérgicas, ampliando a possibilidade de injúria ao fígado. As evidências mostram que a interação entre estes dois fatores exerce um efeito supra-aditivo.
Estas foram as conclusões da análise de dois estudos prospectivos de cohorte publicada em março no British Medical Journal(BMJ). Reduzir o consumo de álcool e a obesidade numa mesma população pode, portanto, reduzir a incidência de cirrose e consequentemente a mortalidade por esta causa.
Estudos com estes resultados respaldam uma nova base de abordagem, tanto nas ações individuais dos profissionais de saúde como na elaboração das políticas públicas para essas duas condições.


Endereços para acesso

1. Artigo do BMJ - Effect of Body Mass Index and Alcohol Consumption on Liver Disease: Analysis of Data from Two Prospective Cohort Studies - http://www.medscape.com/viewarticle/720179.


2. Obesidade - diretrizes do Ministério da Saúde http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=26441.

3. Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas no Sistema Único de Saúde - SUS (PEAD 2009-2010).
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1190_04_06_2009.html

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A reavaliação de produtos agrotóxicos pela Anvisa e pelos Ministérios da Saúde e Meio Ambiente

Alimentos contaminados
por Silvio Caccia Bava
Fonte: Le Monde Diplomatique - Brasil
http://www.diplomatique.org.br/print.php?tipo=ed&id=33&PHPSESSID=ec345657108d8f2c97b50c39273bb879

O Brasil é o maior mercado de agrotóxicos do mundo e representa 16% da sua venda mundial. Em 2009, foram vendidas aqui 780 mil toneladas, com um faturamento estimado da ordem de 8 bilhões de dólares. Ao longo dos últimos 10 anos, na esteira do crescimento do agronegócio, esse mercado cresceu 176%, quase quatro vezes mais que a média mundial, e as importações brasileiras desses produtos aumentaram 236% entre 2000 e 2007. As 10 maiores empresas do setor de agrotóxicos do mundo concentram mais de 80% das vendas no país.

Esses produtores viram ameaçadas suas novas metas de faturamento com o anúncio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de que se propõe a reavaliar o uso de 13 produtos agrotóxicos, vários deles já proibidos há anos nos EUA, na União Europeia, e em países como Argentina, Nigéria, Senegal, Mauritânia, entre outros, como o acefato e o endossulfam. Os motivos dessa proibição são evidentes, a contaminação de alimentos, de trabalhadores rurais, e do meio ambiente, causando, literalmente, o envenenamento dos consumidores, a morte de trabalhadores rurais e a destruição da vida animal e vegetal.

Em solicitação ao Ministério Público para a proibição de um desses agrotóxicos – o Tamaron – os então deputados federais Fernando Dantas Ferro, Adão Preto e Miguel Rosseto denunciam que 5 mil trabalhadores rurais morrem, a cada ano, intoxicados por venenos agrícolas, sendo que muitos mais são afetados de maneira grave pela ingestão dos componentes químicos desses produtos.

Frente à disposição da Anvisa de reavaliar produtos como Gramoxone, Paraquat, Tamaron, Mancozeb, Monocrotfos, Folidol, Malation e Decis, o Sindag – Sindicato das Indústrias de Defensivos Agrícolas – recorreu ao Judiciário, solicitando que não sejam publicados os resultados das reavaliações. Houve mesmo iniciativas no Judiciário que pretendiam proibir os estudos da Anvisa que verificavam a segurança das substâncias de 99 agrotóxicos.

O fato é que o setor ruralista, com o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes à frente, a bancada ruralista e os fabricantes de agrotóxicos se puseram a campo contra a iniciativa da Anvisa, e mesmo contra a própria Anvisa e o seu papel fiscalizador. Segundo documento obtido pela ABRANDH – Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos, o Ministério da Agricultura quer ser o responsável pela avaliação e registro dos produtos agrotóxicos.

Para Rosany Bochner, especialista em toxicologia da Fiocruz, instituição parceira da Anvisa no trabalho de reavaliação dos agrotóxicos, “o Brasil está virando um grande depósito de porcarias. Os agrotóxicos que as empresas não conseguem vender lá fora, que têm indicativo de problemas, são empurrados para a gente”.1

Em 2002, com o início do funcionamento do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, coordenado pela Anvisa, surgiram informações preocupantes. Das 1.198 amostras recolhidas em nível nacional, 17,28% apresentavam índices de contaminação acima do permitido para se preservar a saúde. O tomate, o morango e a alface são os mais contaminados. Se você come amendoim, batata, brócolis, citros, couve, couve-flor, feijão, melão, pimentão, repolho, entre outros alimentos, cuidado! Eles contêm acefato, um agrotóxico que pode causar danos ao cérebro e ao sistema nervoso e provocar câncer no longo prazo. O acefato é proibido em toda a União Europeia.

Segundo o IDEC – Instituto de Defesa do Consumidor, “o consumidor brasileiro está exposto a um risco sanitário inaceitável, que exige medidas rigorosas dos órgãos governamentais responsáveis, inclusive com a punição dos infratores”.

Essa denúncia decorre do levantamento e análise da Anvisa, feito de junho de 2001 a junho de 2002, onde nada menos que 81,2% das amostras analisadas (1051 casos) exibiam resíduos de agrotóxicos e 22,17% apresentavam índices que ultrapassavam os limites máximos permitidos.

Atualmente os agrotóxicos estão em reavaliação tanto pela Anvisa, quanto pelos Ministérios da Saúde e Meio Ambiente. E espera-se que até o final do ano seja divulgada uma nova lista dos agrotóxicos que podem continuar sendo vendidos e os que serão banidos do território brasileiro.

Ainda não existe uma ação integrada desses organismos públicos responsáveis por essa tarefa de fiscalização, mas segundo Agenor Álvares, diretor da Anvisa, a integração é algo indispensável, até para enfrentar a proposta do setor ruralista, que é inaceitável.

Silvio Caccia Bava é editor de Le Monde Diplomatique Brasil e coordenador geral do Instituto Pólis.

1 Folha de São Paulo, 17/07/2008.